Fim da injustiça! Após 28 anos preso, um homem preto teve a condenação anulada porque o juiz o considerou inocente. Isso mesmo: inocente! Ele sempre disse que não era culpado e ainda assim foi condenado à prisão perpétua, acusado de ter participado do assassinato de um homem, na varanda da casa dele, com tiros à queima roupa.
O juiz David Mason, do Missouri, nos Estados Unidos, anunciou a decisão na presença de Lamar Johnson, de 50 anos – a vítima que cumpriu pena injustamente por 28 anos. Emocionado, o homem fechou os olhos e balançou a cabeça levemente enquanto os advogados o cumprimentavam.
Segundo o juiz, havia “evidência confiável de inocência real – evidência tão confiável que realmente passasse pelo padrão de clareza e convencimento” para ele tomar a decisão que proferiu.
Inacreditável
Johnson parecia não acreditar na decisão do juiz. Ele deixou o tribunal, agradeceu cada um que o acompanhou, e andou lentamente para o lado de fora. “Isso é inacreditável”, disse.
Há seis meses, Kim Gardner, advogada de St. Louis, entrou com a moção pedindo a libertação de Johnson, após uma investigação conduzida com a ajuda do Projeto Inocência que a convenceu que ele era inocente.
“Lamar Johnson. Obrigado. Você está livre”, disse a advogada.
A porta-voz do Gabinete do Procurador-Geral do Missouri, Madeline Sieren, afirmou que o escritório não tomará nenhuma providência no caso.
“Nosso escritório defendeu o estado de direito e trabalhou para manter o veredicto original que um júri de colegas de Johnson considerou apropriado com base nos fatos apresentados no julgamento.”
Os advogados de Johnson criticaram o Gabinete do Procurador-Geral após a audiência, dizendo que “nunca parou de alegar que Lamar era culpado e estava confortável em vê-lo definhar e morrer na prisão”.
Crime
Em outubro de 1994, Johnson foi condenado pelo assassinato de Marcus Boyd, morto a tiros da casa dele por dois homens mascarados.
O assassinato foi atribuído a uma disputa por dinheiro de drogas, de acordo com a polícia e os promotores.
Johnson sempre se disse inocente e afirmava que estava a quilômetros de distância com sua namorada no momento do crime.
Um segundo suspeito, Phil Campbell, se declarou culpado de uma acusação reduzida em troca de uma pena de prisão de sete anos.
O caso para a libertação de Johnson girou em torno de uma testemunha-chave que retratou que um presidiário admitiu que foi ele, e não Johnson, quem participou do assassinato.
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O verdadeiro assassino
James Howard, de 46 anos, cumpre sentença de prisão perpétua por assassinato e outros crimes cometidos três anos após a morte de Boyd.
Na audiência, Howard testemunhou que ele e Campbell decidiram roubar Boyd por dívida de dinheiro a um de seus amigos com a venda de drogas. Segundo ele, Johnson não estava presente.
Ele testemunhou que atirou em Boyd na nuca e no pescoço e que Campbell atirou em Boyd na lateral.
Anos atrás, Howard e Campbell assinaram declarações admitindo o crime, dizendo que Johnson não desempenhou nenhum papel. Campbell já morreu.
A vida fora da cadeia
Depois de passar mais da metade da vida preso, Lamar agora finalmente teve a justiça feita. Ele e a advogada ainda não se pronunciaram a respeito de um possível processo contra o Estado.
Perder 28 anos injustamente dentro de uma cadeia certamente dará uma indenização para que Lamar possa passar o resto da vida bem financeiramente. Mesmo sabendo que dinheiro algum pagará todo sofrimento que ele passou nessas quase três décadas preso.
Com informações do Al Maydeen English