A espera de pessoas que precisam de doadores de medula óssea poderá diminuir graças a uma parceria bem sucedida entre cientistas do Brasil e dos Estados Unidos.
As pesquisas são feitas pela UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina – em parceria com a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, uma das mais importantes do mundo.
“Tal feito poderá, caso um dia funcione de forma robusta, reduzir a necessidade de doadores de medula óssea, pois as células-tronco e progenitoras poderiam ser geradas em laboratório a partir das células do próprio paciente por meio da reprogramação celular”, disse o professor Lummertz da Rocha.
Essas pesquisas querem verificar como a biologia de sistemas tem protagonismo. Os cientistas desenvolveram um software capaz de fazer cálculos e prever com fidedignidade como as células se comunicam nos tecidos.
O que descobriram
Lummertz da Rocha disse que a partir do algoritmo, denominado CellComm, foram descobertos novos processos biológicos envolvidos na formação de células sanguíneas.
Segundo o professor, com essa descoberta foi possível descrever o comportamento de uma proteína, chamada APP, que é tipicamente envolvida em processos neurodegenerativos, também relacionada à formação das células-tronco e progenitoras sanguíneas que precedem as células-tronco que residem na medula óssea.
De acordo com as pesquisas, esta proteína, quando inibida em animais de laboratório, aumenta substancialmente a produção das células-tronco hematopoiéticas, o que pode levar ao desenvolvimento de novas terapias celulares.
No entendimento dos pesquisadores, esse processo também poderia acelerar e facilitar a produção de células-tronco em laboratório, o que de algum modo também pode impactar em processos terapêuticos.
Resultados inéditos
Pesquisas que buscam utilizar células-tronco para a cura do Alzheimer ao câncer estão cada vez mais evoluídas. Com a biologia de sistemas, usando softwares para produzir células hematopoiéticas em laboratório a partir de células-tronco pluripotentes, a ciência mostra resultados inéditos.
Os testes são feitos camundongos e também no peixe-zebra. O objetivo é compreender o funcionamento das nossas células e como utilizar esse conhecimento para criar essas células-tronco hematopoiéticas em laboratório a partir de células-tronco pluripotentes.
O coordenador dos estudos, professor Edroaldo Lummertz da Rocha, do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia, disse que com estas “células-tronco pluripotentes” , a expectativa é que tenham “capacidade de produzir praticamente qualquer célula do nosso organismo”.
Células-tronco
As células-tronco são capazes de se diferenciar e se transformar em outras células e, por isso, há décadas são estudadas como uma das revoluções da ciência e da medicina.
Estas células progenitoras são formadas nas primeiras semanas de gestação porque são essenciais para o embrião em desenvolvimento, o que foi estudado, na pesquisa, em embriões de camundongos.
As células foram identificadas com uma espécie de código de barras, o que tornou possível definir quais geravam quais.
A descoberta destas progenitoras pode ser fundamental para o processo de facilitação de terapias celulares que atuem, por exemplo, na cura do câncer ou na substituição de transplantes
Leia mais notícias boas
- 5ª pessoa é curada do HIV. Fez transplante de células-tronco
- Cientistas regeneram células do rim pela 1ª vez e recuperam órgão
- Transplante de células-tronco pode ajudar a tratar esclerose, diz estudo
Estudos
Em um outro estudo com participação da UFSC, células-tronco pluripotentes foram utilizadas para produzir um tipo de célula imunológica conhecida como linfócito T, que atuam no sistema imune, por exemplo, por meio da eliminação de células infectadas ou tumorais.
Estes linfócitos T criados em laboratório foram geneticamente modificados com um receptor artificial para reconhecer células tumorais de linfoma, um tipo de câncer hematológico. Estudos pré-clínicos em animais de laboratório demonstraram a eficácia desta nova terapia celular.
As células-tronco hematopoiéticas podem se transformar em células sanguíneas e em células do sistema imune, o que possibilita que sejam utilizadas em diferentes terapias.
Os estudos vão da ciência básica à aplicada, ou seja, procuram entender e descrever o funcionamento de um determinado aspecto celular para, com essas descobertas, propor inovações que possam ser aplicadas em tratamentos.
Com informações da UFSC