Dispositivo de implante cerebral dá esperança a quem tem paralisia nos membros inferiores

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Por Vitor Guerra
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Novo implante biônico cerebral da Universidade de Cambridge e promete ser o futuro na restauração de funções de membros amputados. Foto: Reprodução/Blog do Dr.Cristiano Nabuco.

Um novo implante cerebral, que pode ajudar a restaurar os movimentos de braços e pernas, está sendo desenvolvido por pesquisadores que buscam aumentar a conexão entre os neurônios e os membros paralisados.

Se ao final dos estudos, os resultados comprovarem o que os primeiros testes mostraram, será possível dar esperança a milhares de pessoas no mundo. Só o Brasil, mais de 7,8 milhões, de acordo com o Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística (IBGE).   

Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, coordenados pelo professor do Departamento de Engenharia, George Malliaras, trabalham incansavelmente para dar a possibilidade de ter de volta os movimentos para quem tem mobilidade reduzida nos membros inferiores.

Esperança

São vários estudos que tentaram usar implantes neurais para restaurar funções motoras, mas as tentativas não deram certo, pois o tecido cicatricial se formava ao redor dos eletrodos e impedia a conexão entre o dispositivo e o nervo.

Mas os pesquisadores tiveram uma sacada genial! Eles colocaram uma camada de células musculares reprogramadas a partir de células-tronco entre os eletrodos e o tecido vivo, descobrindo que dessa maneira o dispositivo se integrava ao corpo do hospedeiro e evitava o tecido cicatricial.

Em outras palavras, o dispositivo combina eletrônicos flexíveis e células-tronco humanas, para melhorar a integração com o nervo e a função do membro moto paralisado.

Ao combinar duas distintas terapias que ajudam na regeneração nervosa, os pesquisadores superaram desafios antigos e melhoraram a funcionalidade e a sensibilidade do implante.

“Este foi um empreendimento de alto risco e estou muito satisfeito por ter funcionado”, disse George Malliatas, informando que havia uma série de dúvidas em torno do projeto, mas que, ao final, venceu a eficiência.

Testes

Os testes, por enquanto, foram feitos em roedores, mas os resultados foram significativos.

“Essa interface pode revolucionar a forma como interagimos com a tecnologia”, disse Amy Rochford, que trabalhou com a equipe do professor.

A professora explicou que combinar células humanas vivas com materiais bioeletrônicos foi um sucesso e que a partir disso criou-se um sistema que pode se comunicar com o cérebro de maneira mais natural e intuitiva. 

Desafios

Um dos grandes desafios para a equipe ao tentar reverter esse tipo de lesão, é a incapacidade dos neurônios se regenerarem e reconstruírem circuitos neurais que foram interrompidos.

“Se alguém tem um braço ou uma perna amputada, por exemplo, todos os sinais no sistema nervoso ainda estão lá, mesmo que o membro físico tenha desaparecido”, disse Damiano Barone, professor do Departamento de Neurociências Clínicas de Cambridge.

Uma das maneiras de resolver esse problema, é implantando um nervo nos grandes músculos do ombro e conectar eletrodos a ele. O problema desse tipo de abordagem é o cicatricial ao redor do eletrodo.

Para contornar o problema, os pesquisadores usaram um dispositivo eletrônico flexível biocompatível que é fino o suficiente para ser conectado ao final de um nervo. Eles também reprogramam células-tronco, para células musculares, e aí sim conectam no eletrodo.

Quando implantado no antebraço paralisado dos ratos, o dispositivo capta sinais do cérebro que controlam o movimento do membro. Ao ser conectado ao resto do nervo, o dispositivo pode ajudar a restaurar o movimento.

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28 dias

O tempo foi de 28 dias em que as células conseguiram sobreviver ao experimento. É a primeira vez que as células demonstraram sobreviver a um experimento tão prolongado.

Para o futuro, os pesquisadores estão focados em otimizar ainda mais o equipamento. A equipe já entrou com um pedido de patente e pretende seguir estudando o tema.

Os resultados completos do novo implante cerebral podem ser conferidos na Science Advances.

O dispositivo, que uniu células-tronco e eletrônicos, foi testado pela primeira vez e apresentou resultados positivos. Foto: Reprodução/Diariodasaude.

O dispositivo, que uniu células-tronco e eletrônicos, foi testado pela primeira vez e apresentou resultados positivos. Foto: Reprodução/Diariodasaude.

Com informações de Good News Network.