O Papa Francisco, definitivamente, é um ser iluminado e corajoso. Sem medo de polêmicas, ele é o personagem principal do documentário, produzido pelos espanhóis Jordi Évole e Màrius Sánchez: “Amén: Francisco Responde”. Nele, o santo padre fala que “sexo é um dos belos dons de Deus” e demonstra respeito com a comunidade LGTQIA+.
Bem-humorado e afável, o Papa Francisco conversa com 10 jovens de 20 a 25 anos, todos de língua espanhola – Espanha, Senegal, Argentina, Estados Unidos, Peru e Colômbia -, em Roma, em um galpão descolado e sem pompas, sobre os mais diversos temas, como sexo, pornografia, aborto, bullying, a comunidade LGBTQIA+ e a ausência de salário dele. (assista abaixo)
O santo padre demonstrou não ter receio de perguntas nem desejo de escapar de temas espinhosos. O documentário tem 85 minutos e está disponível na plataforma streaming da Disney+. Participaram jovens que não têm relação direta com a Igreja Católica inclusive agnósticos e pessoas de outras religiões.
Sexo e a Igreja
Questionado sobre como a Igreja vê o sexo, o Papa Francisco respondeu de forma clara e direta, surpreendendo aqueles que se sentem incomodados com o tema. Detalhes sobre o documentário e as respostas também estão no Twitter do Vaticano.
“O sexo é uma das coisas belas que Deus deu aos seres humanos”, disse. “A expressão sexual é uma riqueza, então qualquer coisa que menospreze a verdadeira expressão sexual também o menospreza a si e empobrece essa riqueza”, acrescentou.
No entanto, o Papa Francisco demonstrou preocupação com aqueles que são viciados em pornografia.
“Ser viciado em pornografia é como ser viciado numa droga que mantém uma pessoa num nível em que não permite que cresça”, respondeu o santo padre a uma jovem que perguntou sobre a venda de pornografia online.
LGTBQIA+
No documentário, a espanhola Celia, se apresenta e explica que ela é não-binária e cristã. “O senhor sabe o que é uma pessoa não-binária?”, pergunta ela ao Papa Francisco. Ele responde que sim. A jovem, então, questiona se há espaço na Igreja para a diversidade sexual e de gênero.
“Cada pessoa é filho de Deus, cada pessoa. Deus não rejeita ninguém, Deus é Pai. E eu não tenho o direito de expulsar ninguém da Igreja. Não só isso, meu dever é sempre o de acolher. A Igreja não pode fechar a porta a ninguém. A ninguém”, afirmou o santo padre.
Imediatamente depois, o Papa se dirigiu críticas àqueles que, tendo a Bíblia como referência, promovem o discurso do ódio e justificam a exclusão do chamado movimento LGBT da comunidade eclesial.
“Estas pessoas são infiltradas que se aproveitam da Igreja para suas paixões pessoais, para a sua estreiteza pessoal. É uma das corrupções da Igreja”, afirmou.
Bullying e aborto
Dora, uma jovem evangélica equatoriana, conta, no documentário, que foi vítima de bulliyng e que sente desejo de por fim à própria vida. Ele a consola, a convida a chorar tranquilamente. Ao saber que a jovem é maquiadora, o Papa Francisco brinca: “Eu te chamarei para que me torne mais bonito”.
Logo em seguida, Milagros, da Argentina, se apresenta como catequista católica e, ao mesmo tempo, como uma orgulhosa ativista pró-aborto. Ela coloca nas mãos do Papa um lenço verde com a afirmação: “Aborto livre, seguro e gratuito”;
“Sempre digo aos padres que quando se aproximam de uma pessoa nesta situação, com um peso na consciência, porque a marca que um aborto deixa numa mulher é profunda, que por favor não lhe façam muitas perguntas e sejam misericordiosos, como Jesus é […]”, afirmou o santo padre.
Depois, o Papa Francisco segue ainda discorrendo sobre o aborto. “Mas o problema do aborto deve ser visto cientificamente e com uma certa frieza. Qualquer livro sobre embriologia nos ensina que no mês da concepção o DNA já está delineado e os órgãos já estão definidos. Portanto, não é um aglomerado de células que se unem, mas uma vida humana”.
Sem elevar o tom nem ingressar na polêmica, o santo padre prossegue: “É lícito eliminar uma vida humana para resolver o problema? Ou se recorrer a um médico, é lícito contratar um assassino para eliminar uma vida humana para resolver um problema?”.
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“Não me pagam nada”
Um jovem chamado Víctor, que se define como agnóstico, pergunta ao Papa Francisco se recebe salário por seu trabalho. Bem-humorado, o santo padre é rápido na resposta.
“Não, não me pagam! E quando preciso de dinheiro para comprar sapatos ou outra coisa, vou e peço. Eu não tenho um salário, mas isso não me preocupa, porque sei que me dão de comer de graça.”
Depois, o Papa Francisco conta aos jovens que seu estilo de vida é bastante simples, “como aquele de um trabalhador de escritório”, e que para uma despesa maior, prefere não sobrecarregar a Santa Sé, mas pedir ajuda a outros.
Assista ao Trailer:
Com informações do Vatican News