Uma mulher de 73 anos transformou sua casa em um verdadeiro hospital para tratar beija-flores doentes ou que foram maltratados. Segundo ela, depois de enfrentar um câncer, as aves lhe deram um novo propósito de vida.
Catia Lattouf vive em um apartamento na Cidade do México e já ajudou centenas de pássaros a recuperarem a saúde na última década. Sob o carinho da mulher, os bichinhos vão relaxando, permitindo que sejam avaliados e tratados de maneira adequada.
Hoje, são mais de 60, e Catia, que estudou literatura francesa, tornou-se referência para estudiosos de beija-flores no México e em outros países da América Latina. “Acredito que Deus dá a vida e Deus a tira, mas aqui eu faço tudo que é possível”, disse a cuidadora à Euronews.
O começo
Tudo começou em 2012, um ano depois de sobreviver ao câncer de cólon.
Um amigo, que é veterinário, encorajou Catia a cuidar de um beija-flor que teve o olho ferido por um outro pássaro.
Triste e solitária depois de perder seu marido em 2009, e ainda se recuperando da luta contra o câncer, ela aceitou o desafio.
Batizado de Gucci, em homenagem à marca do estojo de óculos onde a idosa guardava o bichinho, os dois se tornaram inseparáveis.
“Ele me deu uma nova vida”, lembra a mulher sobre o período de nove meses em que conviveu com a ave.
Hospital
O amor por Gucci levou a mulher a criar um hospital para beija-flores em sua casa!
Amigos e conhecidos da região começaram a trazer cada vez mais aves para a mulher, que passou a estudar melhor o comportamento dos pássaros nativos das Américas.
“A maioria vem para mim como bebês, muitos chegam até com membros quebrados”, disse.
Catia explicou que os ferimentos mais comuns são causados por quedas nos ninhos, colisões ou por ingerir água contaminada.
TikTok
Desde maio a demanda pelos serviços da idosa aumentou muito. Alguém colocou o vídeo de sua casa no TikTok e a publicação foi vista por mais de 1,5 milhões de pessoas.
O trabalho é puxado e a mulher nunca se afasta dos bichos, segundo ela, tem dias que fica mais de 10 horas dando atenção e cuidados para os pássaros.
Mas ela não está lá sozinha, sua colaboradora Cecília Santos, a quem a idosa chama de “babá do beija-flor”, também colabora nas funções.
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Soltura
Catia não tem a intenção de fazer de sua casa um lar definitivo para os beija-flores, afinal, ela quer que eles se recuperem e sejam livres.
A maioria vive no quarto onde a idosa dorme. Lá, eles se fortalecem até conseguirem voar e se alimentar. Depois, eles são movidos para uma sala vizinha, onde são preparados para o grande momento: a soltura.
Aqueles que acabam por falecer são enterrados perto da residência, entre um canteiro de plantas.
Na Cidade do México os pássaros enfrentam duas grandes ameaças, as constantes obras que substituem jardins de flores por concretos e gralhas, predadores naturais dos beija-flores.
Mas isso não parece desanimar Catia, que segue plantando cada vez mais flores para alimentar os polinizadores.
Com informações de Euronews