Envelhecer bem e feliz é possível sim. A base de tudo, segundo as geriatras e gerontólogas ouvidas pelo Só Notícia Boa, está em não esperar a velhice chegar e, sim, começar a se preparar já para os 60+.
“O que você faz hoje está ajudando ou prejudicando o idoso que você quer ser amanhã?”, pergunta a médica Ronny Roselly Almeida Domingos.
Isso pode explicar a vitalidade do Ney Matogrosso, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque que passaram dos 80 anos, e a sabedoria de Fernanda Montenegro e Nathália Timberg que ultrapassaram os 90. A felicidade e a longevidade fazem parte de uma “construção permanente”. [veja as 10 dicas abaixo]
Ter relações sociais
E os segredos são mais simples do que se imagina: velhice saudável e feliz depende de uma vida com alimentação adequada, exercícios físicos e amigos, muitos amigos, disseram as médicas Naira Dutra Lemos, Ronny Roselly Almeida Domingos e Alessandra Tieppo, da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia).
Há 40 anos lidando com idosos, a geriatra e gerontóloga Naira Dutra Lemos, de São Paulo, se diz convencida que as relações sociais são essenciais para envelhecer bem e feliz.
“Um dos fatores que favorecem uma boa qualidade da velhice são os vínculos sociais, não só manutenção e preservação, como também a conquista de novos vínculos, a gente vai perdendo”, disse a médica.
A geriatra alertou que, com a aposentadoria, por exemplo, muitos se afastam dos colegas de trabalho, perdem o contato com os amigos e há ainda as mortes que ocorrem entre familiares e conhecidos.
“A gente tem de estar sempre em busca porque os vínculos sociais ajudam na perspectiva de qualidade de vida.”
Uma fase da vida com satisfação
Lidando há duas décadas com idosos, a médica Ronny Roselly Almeida Domingos, de Alagoas, é categórica: “O envelhecimento pode ser, sim, uma fase da vida cheia de disposição e satisfação”.
Porém, ressaltou a geriatra, é preciso pensar em envelhecer bem e feliz desde sempre, não apenas quando “se sentir velho”. “Engana-se quem pensa em envelhecimento quando se está idoso”, ressaltou.
Com a experiência de 20 anos cuidando do envelhecer das pessoas, a médica Alessandra Tieppo, de São Paulo, acrescentou que a construção do viver bem e feliz é feita de forma contínua.
“Se você faz [ao longo da vida] uma boa biografia, você vai colher frutos dessas boas relações também, boas amizades e bom relacionamento com a família,. Nessa parte também entra a resiliência da pessoa, o quanto ela se adapta às mudanças”, lembrou.
10 dicas para envelhecer bem e feliz
Para as médicas, o envelhecer bem e feliz está condicionado ao modo de vida ao longo da juventude e maturidade. Elas chamam este processo de “construção”.
As geriatras evitam fixar idade ou mencionar prazos e datas, preferem dar orientações sobre o comportamento em geral.
A seguir, as 10 dicas para envelhecer bem e feliz
- Priorize a saúde física, mental e social (desde já)
- Mantenha, preserve e faça novos vínculos sociais – amigos e colegas
- Estabeleça hábitos que garantam a autonomia de ações e comportamento
- Busque um comportamento positivo e saudável
- Estimule a mente com atividades que dão prazer: ler, bordar, cozinhar e fazer arte, por exemplo
- Prefira alimentação saudável com mais proteína, menos ultraprocessados e gorduras
- Exercite-se, o corpo precisa de movimento, escolha uma atividade que lhe agrade e faça
- Faça controle de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e osteoporose – comuns entre idosos
- Evite o tabagismo
- Consuma baixa quantidade de álcool
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O Brasil, um país de jovens e idosos
Pelos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2021, há no país 212,7 milhões de habitantes, dos quais 14,7% estão acima dos 60 anos.
Na prática, são 31,2 milhões de pessoas que técnica e legalmente são idosas. Muitas delas seguem trabalhando, não se sentem velhas e rejeitam qualquer aspecto que lembre isso.
A tendência, segundo especialistas, é de o Brasil do futuro realmente mesclar cada vez mais jovens e idosos, portanto, é preciso se preparar para este momento e viver bem e feliz com a qualidade de vida que a gente merece.