Hoje premiados, esses três chefs de cozinha começaram a carreira vitoriosa quando estavam na prisão. Os poucos ingredientes de anos atrás, hoje deram espaço para a fartura e uma nova vida! Keith Corbin, Michael Carter e Sharon Richardson têm muito mais em comum do que se imagina.
Além de serem chefs super renomados, os três fizeram da prisão um período de aprendizado. Keith comanda a cozinha do Alta Adams, um restaurante premiado em Los Angeles. Michael é o executivo por trás da Down North Pizza, na Filadélfia, enquanto Sharon dirige o Just Soul Catering, um restaurante que emprega apenas mulheres ex-detentas.
O sucesso deles passa definitivamente pelo período que viveram atrás das grades. Quando lembra o período na prisão, Keith se recorda de como os detentos aprendiam a cozinhar, consertar equipamentos elétricos e outras atividades. “Há gênios lá”, disse o chef. A missão do rapaz, segundo ele mesmo, é dar voz e contar para as pessoas sobre a situação difícil que ex-detentos vivem.
“California Soul”
Keith viveu 10 anos na prisão e sua carreira como chef premiado começou ali.
Duas vezes vencedor do James Beard, uma das maiores competições norte-americanas que premia chefs, Keith lembra com orgulho do passado.
Proprietário do Alta Adams, o restaurante do homem se tornou um dos pontos favoritos de Hollywood. Com um estilo culinário que chama de “California Soul”, o profissional mistura receitas de sua avó e o aprendizado durante o período preso.
“Pessoas tendem a falar que a soul food (culinária típica dos Estados Unidos) está ligada a uma raça ou região. Eu prefiro olhar para a soul food com base na intenção”, disse o homem.
Durante o tempo privado de liberdade, o cozinhava para dezenas de pessoas, mas sentia que queria mais. Os ingredientes eram escassos e o chef tinha que se virar.
Com os itens processados e embalados no armazém da penitenciária, Keith foi adicionando sabor e pegando experiência de vários grupos.
Os tempos mudaram, e a década na prisão rendeu um futuro promissor e de muito sucesso em um dos restaurantes mais famosos dos Estados Unidos.
Pizzas premiadas
Assim como Keith, Michael Carter é um chef ex-presidiário que venceu na vida.
Os 12 anos na prisão se transformaram em uma pizzaria de sucesso. As pizzas quadradas vendidas pelo rapaz já figuram nas listas dos melhores restaurantes do New York Times.
Quando saiu da prisão, Michael participou de um curso de como montar currículo para o setor de alimentação.
Questionado sobre sua experiência, o homem explicou que normalmente, na penitenciária, cozinhava para 2.000 pessoas. Na semana seguinte ele conseguiu um emprego em um buffet!
“A missão foi realmente o que me fez aceitar o trabalho”, disse Michael em relação a levar para as pessoas a situação delicada que ex-detentos vivem.
Na cozinha do Down North Pizza, apenas homens ex-presidiários e o chef também oferece moradia de baixa renda nos apartamentos que ficam localizados acima do estabelecimento.
Quando inaugurou o restaurante, em 2020, milhares de norte-americanos marcharam nas ruas do país contra a injustiça racial.
“Para alguém como eu, não posso ir até lá e levantar os punhos porque qualquer tipo de contato policial é uma violação da liberdade condicional. Esta é a minha demonstração”, disse Michael em relação ao seu trabalho.
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“Comemos e choramos”
A culinária também mudou a vida de Sharon Richards. A mulher passou 20 anos presa e teve um marco inesquecível na vida.
Ela chegava ao fim do cumprimento da pena, quando sua mãe teve um derrame. A penitenciária permitiu que ela pudesse ir ao hospital se despedir e na volta, uma surpresa.
Quando Sharon chegou do hospital, todas as presidiárias estavam a esperando na cozinha. Elas prepararam um banquete em homenagem à mãe de Sharon, que era muito amiga das detentas devido às visitas que fazia à filha.
“Comemos e choramos, choramos e comemos”, disse a mulher.
Quando finalmente cumpriu a pena, ela e sua irmã montaram uma organização sem fins lucrativos que emprega ex-detentas.
“Por que comida? Porque isso foi um momento na prisão. Nenhum juiz poderia entender isso. Se vou começar um negócio, tem que ser sobre comida. Tem que ser sobre pessoas. Tem que ser sobre amor”, disse.
Hoje, ela serve pratos que aprendeu durante o período de encarceramento.
“Comida é apenas comida. Se você não tem amor, você só tem asas de frango”, concluiu.
Veja mais fotos dos chefs de cozinha premiados que aprenderam a cozinhar na prisão
Com informações de The Guardian.