Um menino de 15 anos que nasceu com metade do coração e ganhou um ventrículo artificial, se tornou o 1° caso na América Latina. Sem o procedimento, os médicos davam apenas 2 anos de vida para ele!
Alexander Martinez já havia passado por três cirurgias e a expectativa de vida era baixa. Até que em setembro deste ano, a medicina e a tecnologia trouxeram uma notícia boa. O dispositivo que o garoto recebeu auxilia pacientes que sofrem com insuficiência cardíaca, segundo o Instituto do Coração, em São Paulo.
“Estou muito feliz, e a cirurgia está dando certo. Hoje estou em casa. Antes eu me sentia bem cansado. Hoje eu me sinto menos (cansado), agora posso andar. E mais para frente vou poder correr, fazer academia e achar uma namorada”, contou Alexander ao G1.
Dificuldade ao nascer
O estudante nasceu com ventrículo único funcional. A condição se caracteriza por um coração que não tem as duas câmaras de bombeamento funcionando separadamente.
Ao longo da vida, foram três cirurgias para manter o rapaz vivo.
O tratamento era bem difícil e a situação piorou bastante, evoluindo para um quadro de insuficiência cardíaca, quando o coração não consegue bombear o sangue em quantidade que o corpo precisa.
Uma escolha muito difícil
Com a situação crítica, Alexander também desenvolveu hipoxemia, tendo um sangue com baixa oxigenação.
No caso do garoto, um transplante não era indicado devido à ausência de uma artéria pulmonar.
Era preciso decidir entre não fazer nada e oferecer apenas conforto ao menino, ou fazer um procedimento de alto risco, mas que poderia melhorar significativamente a qualidade de vida dele.
“A artéria pulmonar esquerda (de Alexander) é totalmente fechada e o pulmão esquerdo, irrigado por vasos colaterais, apenas. Nesses casos, o transplante é contraindicado”, disse o médico Luiz Fernando Caneo, um dos responsáveis pelo jovem.
Cirurgia delicada
O procedimento até a cirurgia foi demorado. A equipe do InCor moldou uma peça com o formato do órgão do adolescente em impressora 3D.
O caso foi estudado também em imagens em softwares com realidade virtual durante dois meses.
Depois, Luiz levou a peça para um congresso nos Estados Unidos. Lá, discutiu com outros profissionais sobre a cirurgia.
“Como o coração é grande, a dúvida que a gente tinha era de onde ia colocar o dispositivo, a melhor posição como ia ficar”, explicou.
Após o congresso, e com a família já decidida em realizar a cirurgia, o procedimento foi feito em setembro.
Convênio médico
Outra barreira foi superar o convênio médico, uma vez que o SUS não realiza o procedimento.
O caminho era entrar na Justiça contra o plano, já que a única alternativa era a tentativa de sobreviver com o dispositivo importado.
“Seria caro conseguir um advogado para entrar com esse processo. Coincidentemente, trocou o chefe onde eu trabalho, e ele é advogado. Ele soube da causa através do futebol. O Alexander sempre acompanhava a gente no futebol, e esse meu chefe joga também. Quando soube do caso, ele falou: ‘Eu vou entrar com o processo e não vou cobrar nenhum real’. Conseguimos a autorização do convênio através da Justiça”, disse Alessandro Martinez, pai da criança.
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Alta e nova vida
No começo de dezembro Alexander teve alta e o momento foi super especial.
Na ocasião, ele recebeu uma camisa do São Paulo, clube do coração, autografada por todos os jogadores do elenco.
“Uma grande vitória. Vê-lo saindo do hospital e reabilitado para uma vida próxima do normal não tem preço. Estava condenado a ter uma vida horrível até a morte, e é muito gratificante. Eu acho que a equipe toda sentiu isso. O maior objetivo era mandá-lo para casa. Vai ter uma qualidade de vida muito boa”, comemorou o médico.
O retorno para casa também foi muito comemorado pela família. Os familiares prepararam uma reforma na casa e um churrascão.
“Quando a gente viu que ele estava super bem e que estava iminente a saída dele do hospital, começamos a preparar tudo para recepcioná-lo. Tinha locais como, tivemos que mudar um pouquinho a estrutura e, quando tivemos a notícia da alta, foi uma maravilha”, disse Alessandro.
Com informaçoes de G1.