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Conceição Evaristo é a primeira mulher preta na Academia Mineira de Letras em 115 anos
10 de março de 2024
- Karen Belém
Em 115 anos de existência, Conceição Evaristo é a primeira mulher preta a ocupar uma cadeira na Academia Mineira de Letras. Histórico!- Foto: Lucas Seixas
Em 115 anos de existência, Conceição Evaristo é a primeira mulher preta a ocupar uma cadeira na Academia Mineira de Letras. Histórico!- Foto: Lucas Seixas

A escritora e poetisa Conceição Evaristo fez história mais uma vez ao se tornar a primeira mulher preta a entrar na Academia Mineira de Letras, desde a criação da instituição em 1909, ou seja, em 115 anos.

Com 77 anos de idade, ela passa a ocupar a cadeira 40, que antes pertencia à romancista Maria José de Queiroz, que morreu em novembro do ano passado. Conceição disputou a vaga com mais cinco candidatos e recebeu 30 de um total de 34 votos.

“Estar aqui faz com que eu traga a história de outras mulheres impedidas de estar aqui. Mas, ao mesmo tempo, eu não me iludo e quero chamar a atenção sobre isso. Alguma coisa há pra se arrumar na sociedade brasileira, para não ser mais uma exceção uma mulher negra chegar na Academia Mineira de Letras, ou em outras academias, ou em outros espaços de poder”, disse a escritora em entrevista coletiva.

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Cresceu na favela

Nascida em Belo Horizonte, Conceição Evaristo cresceu na favela do Pindura Saia, na Região Centro-Sul da capital mineira.

Desde então, a jornada dela tem sido marcada por uma grande produção literária, que a estabeleceu como uma das escritoras brasileiras mais influentes da atualidade.

Foi ela quem introduziu o conceito de “escrevivência”, uma forma de escrita enraizada no cotidiano e nas experiências pessoais.

O contexto é fundamentado na fala de mulheres pretas escravizadas, que tinham de contar suas histórias para ninar os filhos dos senhores da casa-grande.

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Começou em 1990 

A trajetória de Conceição Evaristo no mundo das letras começou em 1990, quando teve a primeira publicação dentro da série Cadernos Negros, uma antologia organizada pelo grupo de escritores afro-brasileiros de São Paulo, o Quilombhoje.

Esse foi apenas o começo. Logo em seguida vieram obras individuais que a consolidaram no cenário literário nacional, como “Ponciá Vicêncio” (2003), “Becos da Memória” (2006), “Poemas da Recordação e Outros Movimentos” (2008) e “Insubmissas Lágrimas de Mulheres” (2011).

Lista grande de prêmios 

Ao longo de sua carreira, a escritora já acumulou inúmeros prêmios e reconhecimentos pela contribuição à cultura brasileira.

Em 2015, recebeu o prestigiado Prêmio Jabuti na categoria de contos e crônicas pelo livro “Olhos D’água” (2014).

Dois anos depois, em 2017, ganhou o Prêmio Cláudia, seguido por outro importante reconhecimento em 2018, ao ser premiada na categoria Destaque do Prêmio Revista Bravo.

E mais: ela ainda foi homenageada no 61° Prêmio Jabuti como uma personalidade literária de destaque, recebeu o prêmio Elo no Festival Internacional das Artes de Língua Portuguesa e o prêmio Juca Pato como Intelectual do Ano.

A entrada de Conceição Evaristo na Academia Mineira de Letras, mesmo que tardia, mostra uma mudança importante, histórica e inspira outras mulheres brasileiras. Aplausos para ela!

Conceição Evaristo desenvolveu no mestrado o conceito de escrevivência, que marca a história de luta do povo brasileiro. - Foto Guilherme Bergamini
Conceição Evaristo desenvolveu no mestrado o conceito de escrevivência, que marca a história de luta do povo brasileiro. – Foto Guilherme Bergamini

Com informações de O Globo. 

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