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Córneas produzidas por bioengenharia podem curar a cegueira de milhões de pessoas
18 de abril de 2024
- Karen Belém
Com a nova tecnologia, uma única doação de córnea curaria mais de 30 pessoas da cegueira. - Foto: Stefanie Zingsheim/Universidade de Sydney
Com a nova tecnologia, uma única doação de córnea curaria mais de 30 pessoas da cegueira. - Foto: Stefanie Zingsheim/Universidade de Sydney

Uma impressora 3D e replicação celular feita por bioengenharia podem resolver um dos maiores problemas de saúde dos olhos no mundo: a escassez de córneas saudáveis para transplante. E o mérito dessa descoberta é dos cientistas da Universidade de Sydney, na Austrália.

Após longos estudos, eles descobriram que podem reproduzir um número considerável de córneas, que ajudaria a abastecer os bancos e reduzir as filas de pacientes em espera por um transplante. Hoje, a média é de apenas um doador para cada 70 pessoas.

Com a reprodução em laboratório, a expectativa dos pesquisadores é que uma única doação possa ser capaz de fornecer tratamento para 30 pessoas. É a ciência e a tecnologia se unindo, mais uma vez, por um bem maior!

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Janelas da alma 

Fica para a córnea um dos papéis mais importantes da nossa visão. Essa camada transparente que fica na frente a íris e da pupila funciona como um “para-brisa”, que centraliza toda luminosidade na nossa retina e promove a boa visão.

Apesar de resistente, essa camada sofre danos ao longo dos anos. Quando isso acontece por doença ou ferimento, o paciente fica cego ou com alguma deficiência visual.

Até o momento, o único método eficaz para reverter essa condição é por meio do transplante de córnea.

Tudo começou em uma viagem 

A grande mente por traz do projeto é o professor Gerard Sutton. Ele contou que toda a ideia começou após uma viagem que fez a Mianmar, na Ásia, em 2004. A ideia era ajudar pessoas em situação de cegueira e treinar cirurgiões para realizar transplantes de córnea.

Ele contou que transportou quatro córneas doadas em um recipiente com gelo. Só que quando chegou na clínica, mil pessoas esperavam, graças a um pequeno artigo num jornal local.

Entre mil homens e mulheres cegos, ele teve que selecionar quatro que seriam os mais adequados para o transplante: escolheu os jovens.

A situação mexeu muito com ele. Foi a partir daí que decidiu que precisava fazer algo além para ajudar essas pessoas.

“Às vezes até me surpreende”

Gerard então entrou como cofundador da a Bienco, a empresa responsável por criar a tecnologia das córneas a partir da bioengenharia.

Agora, eles estão perto de um método mais acessível que prometem revolucionar a forma como os transplantes de córnea são realizados no mundo.

“Estamos perto de sermos capazes de realmente produzi-los, cultivá-los, podemos pegar um pouco de pele de um doador e criar, em uma escala muito grande, aquelas janelas diante dos olhos. E, para ser honesto, às vezes até me surpreende”, reforçou.

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Desafio de deixar a estrutura transplantável  

As córneas artificiais da Bienco são baseadas em colágeno – as proteínas que formam o cabelo, a pele, as unhas e o tecido conjuntivo.

Isto tende a criar tecidos opacos, como a nossa pele, e por isso o primeiro desafio foi tornar o colágeno transparente.

Feito isso, Sutton e os outros pesquisadores descobriram como aplicar as muitas camadas de colágeno para criar uma estrutura de córnea que pudesse ser transplantável.

Disponível em até 4 anos 

Com financiamento do Medical Research Future Fund da Austrália, a Bienco recebeu um aporte de mais de R$ 115 milhões para continuar o desenvolvimento da pesquisa.

Sutton acredita que, em três ou quatro anos, a tecnologia já deve estar disponível.

Agora é entrar na torcida para que o projeto seja comercializado o mais rápido possível!

 

Uma das córneas já fabricadas por bioengenharia pelos cientistas. - Foto: Stefanie Zingsheim/Universidade de Sydney
Uma das córneas já fabricadas por bioengenharia pelos cientistas. – Foto: Stefanie Zingsheim/Universidade de Sydney

Com informações de Good News Network e Brisbane Times

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