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Mãe reencontra filho sequestrado após 34 anos; ‘pedi a Deus’
26 de junho de 2024
- Renata Dias
Filho e mãe se reencontra três décadas e meia depois. Foto: O Globo/Arquivo Pessoal
Filho e mãe se reencontra três décadas e meia depois. Foto: O Globo/Arquivo Pessoal

A insistência levou ao que parecia impossível. Uma mãe reencontra o filho sequestrado 34 anos depois. Iraci Marreira jamais desistiu de achar o filho Josenildo, que saiu de casa aos 11 anos, para vender os salgadinhos que a mãe fazia, e foi levado por mulher para o outro lado do país. Assim, o menino foi parar do Acre em Santa Catarina.

Entre idas e vindas, o reencontro aconteceu. Na busca pela mãe, Josenildo bateu na porta da casa de uma tia. Desconfiada, ela chamou Iraci e todos os irmãos do homem. O coração de mãe não se enganou: era ele, o filho sequestrado ainda criança, que estava de volta.

A mãe abraçou e beijou o filho. “Impossível descrever essa emoção. Estou feliz, mas também sinto uma sensação estranha por ter ficado tanto tempo longe dele”, disse Iraci, que agora ganhou também dois netos.

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Certeza eterna

Iraci jamais abriu mão de reencontrar o filho. Ao redor dela, muitos tentavam convencê-la do contrário.

Ela chegou a ser “preparada” para a morte do filho. Mas, como mãe que sente sempre, não aceitava.

Em 1995, quando foi ao ar a novela “Explode Coração”, que falava de crianças desaparecidas, a Iraci teve a certeza de que iria rever o filho com vida.

Ela procurou ajuda do Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.

No entanto, veio a decepção: a funcionária disse que após tantos anos, Josenildo estaria com outra aparência, bem diferente da foto que mãe levava com ela. Veio a tristeza, mas jamais a desistência.

Lembranças da infância 

Josenildo, por sua vez, levava com ele as memórias de criança.

Nas andanças até o Acre, perguntava aqui e acolá, falava do pai que era policial militar e foi assassinado e da mãe, quituteira.

De tanto perguntar, andar e vasculhar, o homem chegou à casa da tia materna.

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Dois nomes

Se de um lado do país, a mãe procurava o filho incansavelmente. O mesmo ocorria com o filho.

Josenildo, batizado Francisco, fugiu da casa da mulher que o sequestrou, viveu nas ruas, cometeu pequenos furtos até se acertar. Mas nunca tirou da cabeça que iria reencontrar a mãe biológica.

Assim, o homem deixou Santa Catarina de carona e com a ajuda de um aqui e outro ali até chegar no Acre e bater na porta da tia.

Mudança de nome

Após o reencontro, o problema de identidade. Por questões legais, ele teve de refazer sua carteira de identidade.

Na certidão original de nascimento o nome é Josenildo da Silva Marreira, nascido em Rio Branco no dia 1º de julho de 1975.

Porém,  nas conversas com a mãe Josenildo mostrou um outro registro feito no município de Senador Guiomard (AC), no qual está escrito que seu nome é Francisco Araújo Tigre, nascido em 4 de outubro de 1980.

Com autorização judicial, agora tem os dois nomes e usa das duas famílias que a vida lhe deu. Passou a se chamar Francisco Josenildo da Silva Marreira Tigre.

“O que facilita a minha vida é que todo mundo só me chama de Neguinho. Assim, ter esse monte de nome não muda nada”, afirmou ele.

A busca incasável da mãe pelo filho sequestrado e ela o reencontra. Foto: O Globo/Arquivo Pessoal
Josenildo desapareceu na busca pelo pai. A mãe Ira reencontra o filho sequestrado 34 anos depois. Jamais desistiu. Foto: O Globo/Arquivo Pessoal

 

Informações de O Globo

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