Cientistas usam a inteligência artificia (IA) para o bem e descobrem como prevenir infarto com um simples exame. A ferramenta complementa o trabalho do médico radiologista para fazer diagnósticos mais precisos e rápidos. No sistema tradicional, leva 30 minutos, com a IA, apenas segundos.
Os pesquisadores desenvolveram um protótipo avançado, capaz de agilizar a leitura de imagens de exames. Com 95% de eficácia na notificação, ele demonstrou com maior precisão no diagnóstico de ataques cardíacos e AVCs.
Os testes foram feitos em imagens de 1.200 pessoas – 80% homens e 20% mulheres com idades entre 48 e 66 anos. A expectativa é que com essa IA seja possível antecipar prováveis quadros de paradas cardíacas e AVC (acidentes vasculares cerebrais) com maior confiabilidade.
IA e a pesquisa
Os cientistas, que fizeram a descoberta, são Damián Craiem, Federico Guilenea e Mariano Carciaro, que pertencem ao Instituto de Medicina Translacional, Transplante e Bioengenharia, da Universidade Favaloro, na Argentina.
A pesquisa, realizada sob parâmetros rigorosos, também contou com a participação de radiologistas do Hospital Europeu Pompidou, em Paris, na França.
Para os testes, foram verificados parâmetros, como cálcio aórtico, que indicam possíveis eventos cardiovasculares com precisão surpreendente.
O cálcio vascular, justamente, é um indicador muito útil porque permite ao médico indicar a aterosclerose e prevenir problemas futuros como ataques cardíacos e derrames.
Com uma medição precisa de cada paciente submetido à tomografia computadorizada, é possível tomar decisões mais precisas.
O estudo foi publicado na revista Biomedical Physics and Engineering Express.
A previsão é que, em breve, estará à disposição para o atendimento ao paciente.
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Século 21 e a IA
A IA faz parte do século 21 e tem de ser usada para melhorar a qualidade de vida, afirmam os cientistas.
“O tempo é crucial porque a IA facilita tarefas que de outra forma poderiam ser mais demoradas”, disse o pesquisador Mariano Casciaro, um dos responsáveis pela descoberta científica que busca prevenir o infarto.
Para o pesquisador, a IA vem para ajudar: “Ao contrário das pessoas, que dependem da sua experiência e formação na ‘leitura’ de imagens, as máquinas oferecem sempre mais ou menos o mesmo desempenho. O objetivo é colaborar com os profissionais de saúde”.
O pesquisador Emmanuel Iarussi, que não integrou o grupo de análises mas acompanha o tema no Laboratório de IA, da Universidade Torcuato Di Tella, elogiou o estudo.
“Quando usados corretamente, a capacidade desses algoritmos de apontar padrões nos dados pode ser decisiva na descoberta de novos medicamentos, complementar o diagnóstico de doenças e personalizar tratamentos”, afirmou.
Prevenir a surpresa
A presença de cálcio aórtico está entre os primeiros sinais de alerta de uma parada cardíaca, bem como a aterosclerose e sua ligação com o acúmulo de lipídios nas artérias em geral, afirmam os pesquisadores.
Se o critério de prevenção for seguido, é fundamental enfrentar o problema antes que ele se torne um, ou seja, desobstruir as tubulações antes que seja tarde.
Para Casciaro, a IA colabora justamente na identificação do problema, antes que ele se instale de maneira quase irreversível. Segundo ele, o que os profissionais de saúde levam cerca de meia hora para visualizar regiões do coração e das artérias para identificar áreas onde podem ocorrer problemas, com a IA só dura alguns minutos.
O cientista disse que a explicação está porque o sistema de software identifica automaticamente as calcificações. Em suma, ter um diagnóstico rápido pode contribuir para uma melhor abordagem da patologia.
“Somos sempre muito cautelosos. Tanto os resultados positivos como os negativos devem ser analisados. É essencial observar quando as coisas falham e quais as implicações que isso pode ter nos pacientes. Em muitos casos, a IA funciona como uma caixa preta, no sentido de que podem cometer erros e temos que saber identificar os motivos”, disse Casciaro em reportagem exclusiva do jornal Página 12.