Cientistas da Universidade de Sydney descobriram que um anticoagulante barato e comumente usado na medicina, pode ser aplicado como um antídoto contra picadas de cobra.
O tratamento anti veneno atual contra a picada da naja cuspideira é caro e não trata eficazmente a ferida da carne onde ocorreu a picada. Mas isso pode estar prestes a mudar, graças à ciência.
Com uma tecnologia de edição de DNA, a equipe adaptou a heparina e moléculas similares, tornando-as um poderoso antídoto eficaz contra a necrose causada pelas mordidas e aumentando as taxas de sobrevivência das vítimas.
Identificaram genes
Com o auxílio da ferramenta CRISPR (que edita o DNA), os pesquisadores encontraram os genes humanos que o veneno da cobra precisa para causar a necrose ao redor da picada.
No estudo publicado na revista Science Translational Medicine, o grupo mostrou que um dos alvos necessários do veneno são enzimas que produzem moléculas relacionadas a heparano e a heparina.
O heparano está na superfície da célula e a heparina é liberada durante uma resposta imune. Como tem estrutura semelhante, o veneno se liga a ambos.
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Novo antídoto
Com a informação, os pesquisadores da Universidade de Sydney usaram o conhecimento para fazer um antídoto que pode parar a necrose em células humanas e camundongos.
O novo antídoto age como uma isca. Ao inundar o local da pacidade com sulfato de heparina ou moléculas heparinoides, o antídoto neutraliza as toxinas dentro do veneno que causam danos ao tecido.
“Nossas descobertas são animadoras porque os antivenenos atuais são amplamente ineficazes contra envenenamento local grave, que envolve inchaço progressivo doloroso, bolhas e/ou necrose do tecido ao redor do local da picada. Isso pode levar à perda da função do membro, amputação e incapacidade para o resto da vida.”, disse o professor Nicholas Casewell, Chefe do Centro de pesquisa e Intervenções sobre Picadas de Cobra da Escola de Medicina Tropical de Liverpool.
Luta global
Para a equipe, a descoberta pode ajudar na meta ambiciosa programada pela Organização Mundial da Saúde.
O órgão quer reduzir a carga global de picada de cobra pela metade até 2023.
“Essa meta está a apenas cinco anos de distância. Esperamos que o novo antídoto para cobra que encontramos possa ajudar na luftal global para reduzir mortes e ferimento por picadas de cobra em algumas das comunidades mais pobres do mundo”, disse Greg Neely, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Sydney e membro do Charles Perkins Centre.
Método semelhante
A abordagem de edição do DNA para identificação do veneno não é nova para os pesquisadores.
Em 2019, liderados pelo professor Nicholas, os cientistas descobriram um antídoto para o veneno da água-viva-caixa.