Uma árvore imensa e única no mundo foi descoberta por pesquisadores do Jardim Botânico. E, o mais incrível: é uma jabuticabeira rara encontrada, na região de Maricá, região metropolitana do Rio. Estava perto do Monumento Natural Municipal da Pedra de Itaocaia e foi batizada de Siphoneugena carolynae.
Os cientistas brasileiros Thiago Fernandes e João Marcelo Braga comemoraram a identificação da árvore, que tem 7 metros de altura e é única no mundo. Eles colheram frutos verdes da planta, ainda não conhecem os amadurecidos
A descoberta foi publicada na revista científica Brittonia, do Jardim Botânico de Nova Yorque, uma das mais respeitadas do mundo. Para os botânicos, encontrar essa jabuticabeira representa um avanço para a ciência, sobretudo no que diz respeito à Mata Atlântica.
Avanço para a ciência
No artigo científico, os brasileiros Thiago e João Marcelo afirmam que a árvore é a “13ª espécie do gênero Siphoneugena conhecida até hoje”, única e rara. Por cinco anos, os cientistas monitoraram a região de Maricá, a 61 quilômetros do Rio de Janeiro, para examinar a espécie.
“Coletamos com os frutos verdes ainda. Não conhecemos os frutos maduros, mas podemos prever que são semelhantes às jabuticabas (gênero Plinia), já que são parentes próximos”, afirmam os pesquisadores no texto.
Para Thiago Fernandes, há muitas revelações ainda a ser feitas sobre a Mata Atlântica. “A Mata Atlântica ainda abriga muitas espécies desconhecidas para a ciência. Demonstra a importância das áreas protegidas para a conservação dessa e de outras espécies raras e com distribuição restrita.”
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Mistérios na floresta
Segundo Thiago Fernandes, desde o século 19, a região da Mata Atlântica provoca o interesse de naturalistas, inclusive de Charles Darwin.
O pesquisador lembrou que Darwin, naturalista, geólogo e biólogo britânico, visitou a área em 1832 e se hospedou na histórica Fazenda Itaocaia, onde houve a descoberta dessa espécie rara.
Os cientistas monitoram o campo no Morro Itaocaia de 2018 a 2023. Nesse período, o desenvolvimento reprodutivo da espécie rara foi acompanhado periodicamente.
De acordo com o cientista, houve uma outra descoberta valiosa na região. “Teve uma espécie frutífera que só era conhecida por uma única coleta feita no século 19, que já está no Jardim Botânico em cultivo, e outras duas espécies novas ocorrendo em Itaocaia e Niterói”, afirmou.
Nome científico
O nome científico dado à jabuticabeira rara de Siphoneugena carolynae foi uma homenagem a uma pesquisadora brasileira, da Universidade de Brasília (UnB).
É Carolyn E. B. Proença, especialista sênior em Myrtaceae. A escolha foi feita para marcar a longa carreira de contribuições da pesquisadora para a taxonomia e biologia reprodutiva das espécies dessa família.
Carolyn E. B. Proença também colaborou com a discussão sobre a nova espécie, segundo os pesquisadores em entrevista à Agência Brasil.