A brasileira Tati Leite está arrasando em Hollywood. Inspiração para muitos, ela se tornou referência em efeitos visuais na capital do cinema. Formada em Engenharia da Computação, Tati já trabalhou em grandes produções como “O Rei Leão” e “Capitã Marvel”.
Nascida em Santo André, a trajetória da engenheira é marcada por muito esforço e dedicação. Graduada e mestre pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), teve a oportunidade de participar de uma conferência mundial de computação gráfica, em Los Angeles, durante a pós-graduação.
Foi nesse momento que ela teve certeza do que queria fazer: trabalhar com animação. A brasileira defendeu o mestrado e, três semanas depois, se jogou em Los Angeles na cara e coragem. “Eu fui a uma conferência e era isso. Era tudo que eu tinha, uma mala e um sonho”, disse em entrevista ao Metrópoles. Deu certo, né Tati?
Sonho de infância
A paixão pelo cinema a acompanha desde cedo. Um dos momentos marcantes foi quando assistiu o clássico “A Bela e a Fera”.
“O que me chamou a atenção no filme foi aquela cena principal, em que a Bela está dançando com a Fera, que é lindo, que é romântico e que todo mundo ama a música. Eu estava interessada em saber como é que a animação era espalhada no chão de mármore.”
Decidida a seguir o sonho, começou a procurar cursos que pudessem ajudar no caminho. Lembrou que um professor comentou sobre computação gráfica.
“É um jeito de manter o meu sonho vivo. Na Unicamp, eu peguei todas as matérias de processamento de imagens, jogos e até pedi autorização no Instituto de Artes para pegar matérias de animação. Tudo o que tinha a ver com imagem, eu fui mantendo a chama.”
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Conferência em LA
Durante o mestrado, um grande passo para realizar o desejo: participou da SIGGRAPH.
A conferência reúne os melhores e maiores do mundo em computação gráfica. “Lá eu descobri que tudo que eu sonhava e que eu queria realmente existia. Eu falava: ‘É isso então, o que eu existe e eu preciso vir pra cá”, destacou.
O sonho já não era mais um sonho, era realidade.
Do sonho as conquistas
A brasileira voltou para o país, defendeu a dissertação e foi conquistar o mundo em Los Angeles.
Sem saber muito bem como começar por lá, buscou cursos de entretenimento e direção. Além disso, se voluntariava em todos os projetos que apareciam.
O primeiro grande filme que ela aplicou seus conhecimentos foi “Homem-Formiga e a Vespa”, da Marvel.
“Enquanto eu estava fazendo isso, nunca imaginei que isso e todo o meu estudo, todas as minhas pesquisas, toda a dedicação em relação a isso, fosse encontrar lá na frente. Quando eu fui chamada para trabalhar nesse estúdio, para fazer Homem-Formiga e a Vespa, eu fui chamada para rejuvenescer o Michael Douglas em 30 anos.”
“Queridinho do coração”
Apesar de já ter trabalhado em grandes produções, ela tem uma favorita.
“O que eu gosto, que é meu querido de coração, é o “Rei Leão (live action de 2019), obviamente.”
Ela, que sabe de cor todas as falas do filme, disse que o longa une coisas que ela mais ama: “animação, tecnologia e Disney.”
Desafios enfrentados
E apesar de ter vencido vários desafios, ainda há alguns a serem superados. A brasileira reconhece que ser mulher em um mercado majoritariamente masculino não é fácil.
“Como mulher, a gente já tem que entender que existe social e culturalmente uma diferença. E não sou eu, Tati, que estou falando. O Fórum Econômico Mundial disse que, para a gente atingir a paridade de gênero, ainda vão levar 130 anos. Ou seja, eu não vou estar nem mais viva quando isso acontecer. Mas, sabendo que existe essa estrutura social, a gente entende e usa de outros meios para conseguir conquistar o espaço que seja necessário”, explicou.
Mesmo assim, a palavra desistir não está no dicionário de Tati. Agora, ela inspira outras pessoas a seguirem o mesmo caminho.
“Eu espero que, com a minha carreira, com a minha jornada, eu faça isso não só por mim, mas por outras pessoas, abrindo oportunidades e portas para mostrar que a mulher, nesse mercado, dá conta, que faz e acontece também. E que a gente, como brasileiro e como latino também, está de igual para igual”, finalizou.