1° indígena Kaxixó a se formar em medicina pela UFMG comemora; “que eu não seja o único”
Aos 30 anos, Otávio Kaxixó conseguiu um marco histórico: tornou-se o primeiro indígena Kaxixó a se formar em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, a UFMG.
O desejo dele é um só: tornar-se referência e abrir as portas para outros. O novo médico é da aldeia Capão do Zezinho, população com aproximadamente 89 indígenas aldeados, à margem esquerda do Rio Pará, Martinho Campos.
Desde jovem ele sonhava em cursar Medicina, mas por conta dos desafios, pensou em desistir várias vezes. Em 2019 a aldeia toda vibrou com sua aprovação. Agora, eles vibram ao ver Otávio subir no palco e pegar o diploma com o maracá e um cocar na cabeça. Histórico! “Nunca mais uma medicina sem nós”, disse ele em uma publicação no Instagram.
Pensou em desistir
Quando estudava para o vestibular, foram várias reprovações. E não foi só uma vez que ele pensou em desistir.
Além de enfrentar os desafios diários que um indígena enfrenta no país, parecia que ele nunca conseguiria cursar a tão sonhada Medicina.
Mas tudo mudou em 2019. Depois de muita dedicação e superação, a aprovação veio. Vitória coletiva da aldeia!
“Em meu último ano da faculdade de Medicina estar aqui não é somente por ocupar uma cadeira no mais alto curso de “elite”. Estar aqui é sinônimo de resistência e ao mesmo tempo estampar e provar pro mundo que não importa de onde viemos, somos capazes de conquistar o que também é direito nosso – acesso a universidade”, compartilhou o agora médico.
Leia mais notícia boa
- Filme brasileiro sobre comunidade indígena é premiado em Cannes; está nos cinemas!
- Presidente de Portugal reconhece culpa por escravidão, massacre indígena e fala em reparação
- Ailton Krenak toma posse na Academia Brasileira de Letras; primeiro indígena em 127 anos
Estágio em Saúde Indígena
Durante os 6 anos de curso, Otávio sempre fez valer sua vivência, de onde veio.
Quando entrou no curso, ele sabia que gostaria de passar por um internato em território indígena, e conseguiu.
O jovem teve a oportunidade de atender indígenas no Parque Indígena do Xingu e, para ele, a experiência foi intensa.
“Foi muito interessante ser indígena e estar dentro de uma equipe não indígena atendendo indígenas. Acredito que tenha afinado ainda mais o meu cuidado para lidar com a saúde dos povos tradicionais”, destacou.
Cocar e Maracá
E quando foi chamado para receber o diploma no palco, Otávio comemorou muito. A plateia que estava no local, também aplaudiu de pé o jovem médico.
Com um Maracá na mão esquerda e um cocar na cabeça, ergueu o instrumento e gritou em voz alta: “É nosso!”.
Agora, além de se tornar médico, ele também quer ser referência.
“Enfim, 1° Kaxixó Médico pela UFMG. Que eu não seja o único e sim, a referência de continuidade”, finalizou.
Durante a faculdade, ele estagiou no Xingu:
Ver esta publicação no Instagram
Quando foi pegar o diploma, Otávio homenageou seu povo:
Ver esta publicação no Instagram