Uma perereca da espécie Phrynomedusa appendiculata foi encontrada no Parque Estadual Nascentes do Paranapanema (Penap), no município de Capão Bonito, em São Paulo. O animal, de uma linhagem rara, estava sob suspeita de extinção e foi avistado pela última vez há mais de 50 anos.
“Ficamos surpresos e muito empolgados ao notarmos que estávamos diante da espécie Phrynomedusa appendiculata, considerada até mesmo possivelmente extinta”, conta pesquisador Leandro Moraes, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Zoologia do Instituto de Biociências (IB) da USP.
Segundo os cientistas, esse reencontro é símbolo de esperança na busca por animais considerados extintos, além de alertar sobre a importância das pesquisas em campo e da preservação dos biomas brasileiros.
Rara, brasileira e colorida
A Phrynomedusa appendiculata vive escondida, geralmente em locais mais elevados da mata, empoleirada nas árvores e arbustos.
Só que de tempos em tempos, esses anfíbios precisam deixar o alto das árvores e buscar poças permanentes para se reproduzirem. E, segundo Leandro, foi exatamente esse fator natural que facilitou o grupo a encontrar a perereca.
Na busca, os cientistas encontraram aproximadamente 15 animais da espécie. “Apesar de também termos feito buscas em diversos outros ambientes e localidades durante esse projeto, essa espécie somente foi registrada nesse único ponto”, conta Leandro.
Análise morfológica e genética
Uma das pererecas da ninhada foi coletada para passar por análises morfológicas e genéticas, na intenção de encontrar novas espécies que podem ter afinidades evolutivas. Hoje, o animal está no Museu de Zoologia da USP, sob os cuidados do time do pesquisador.
“Além disso, realizamos um trabalho de resgate histórico dos poucos relatos de encontros da espécie na natureza. Todo esse esforço nos levou a confirmação de que se tratava realmente da espécie desaparecida”, completa.
Mais preservação para a Mata Atlântica
Ainda segundo Leandro, a redescoberta da Phrynomedusa appendiculata traz um incentivo para a criação de leis para mais proteção da Mata Atlântica.
“Nós acreditamos que essa espécie rara e desconhecida traz um apelo ainda maior para a conservação e pode se tornar um símbolo para a preservação dos ambientes do Parque Estadual Nascentes do Paranapanema e da Mata Atlântica como um todo”, concluiu Leandro.
Com informações de Jornal da USP