Tem gente que é anjo nessa vida. Só pode! É o caso deste jornalista, pai solo, que já tinha três filhos e adotou mais três de outro estado para não separar a família.
O nome dele é Francisco Borges. Quando era pequeno, aos 3 anos de idade, ele foi abandonado pela mãe biológica nas ruas de Perdizes, bairro nobre de São Paulo.
Após ser encontrado pela equipe técnica da Febem, ele foi levado para a instituição, onde viveu até ser adotado por um casal aos 5 anos de idade. E ele conheceu tanto amor nessa relação, que também decidiu adotar, quando crescesse.
Gratidão aos pais
“Eles eram fora da curva: um casal negro com um entendimento sobre raça e gênero quando não se falava disso, de necessidade de pertencimento e, ao mesmo tempo, respeito ao próximo. Tive uma estrutura familiar por parte dos meus pais adotivos, muito forte, embora curta. Quando eu tinha 12 anos de idade, minha mãe adotiva faleceu vítima de leucemia”, contou à Pais & Filhos.
Ao longo desses 7 anos juntos, Francisco e a mãe construíram um vínculo forte.
“Ela me encheu de amor, de valores bons. Quando nós nos abraçávamos, eu sentia uma energia muito boa, sabia o que ela estava pensando. A gente tinha isso”.
Três anos após a mãe perder a batalha contra o câncer, o pai de Francisco também faleceu. “Ele era uma pessoa mais reservada, mas extremamente guerreira. Minha mãe era a chefe da família, e ele seguiu com o filho que ele desejou, mas que o sonho maior era dela. E ele não soube lidar com isso”.
Decidiu ser pai solo
O baque das perdas trouxe novamente a sensação de estar sozinho. Mas, apesar de tudo, Francisco sempre acreditou que o futuro seria melhor, ainda que tudo no momento parece só tristeza.
Com o passar dos anos, veio o sonho de ser pai. “Acredito que ter sido abandonado me permitiu vivenciar a dor da perda, a dor da falta, o desejo de ter uma família e o desejo de fazer parte de algo”.
Primeiro filho
Há 14 anos, ele decidiu adotar seu primeiro filho, Victor.
Victor chegou ainda recém-nascido para a casa do jornalista, que contava com a ajuda de uma babá para conseguir cuidar do menino. “Nunca tinha trocado uma fralda nem vivenciado o dia a dia como pai ou cuidando de uma criança”.
Após vivenciar a paternidade solo de um recém-nascido, Francisco percebeu que estava pronto para acolher crianças mais velhas.
“Talvez eu não vivenciasse as primeiras vezes de andar e falar, mas eu poderia vivenciar outras experiências. As pessoas que estão nestes lugares [casas de acolhimento] foram precarizadas e foram tiradas delas as possibilidades de vivenciar coisas muito básicas para mim. Muitas coisas elas ainda não viveram, essa é real. Eu iria vivenciar as primeiras vezes que fossem possíveis”.
Outras adoções
Foi essa a virada de chave necessária para que a próxima adoção de Francisco fosse diferente. Em fevereiro de 2020, ele conheceu os irmãos Gabriel e Maikon, de 11 e 9 anos.
Um mês depois, os meninos se juntaram à família do jornalista e foram morar com ele e o Vitor. Em agosto de 2021, receberam oficialmente o sobrenome Borges.
A família cresceu mais
A família aumentou para valer durante o primeiro semestre de 2021 quando Francisco conheceu três meninos do Espírito Santo por meio de um programa de adoção chamado ‘Esperando por você’, focado em crianças que têm poucas chances de conseguirem um novo lar.
“Por ser grupo de irmãos, eles não tinham pretendentes no cadastro nacional e nem no internacional. Vi um vídeo dos três e me interessei em saber mais sobre suas histórias e realidade”
40 dias após o primeiro contato, aproveitando as férias de junho e julho, Francisco viajou de mala e cuia junto dos outros filhos para conhecer o trio: Miguel, de 11 anos, David, de 5, e João, de 4.
O encontro deu tão certo que tudo depois aconteceu muito rapidamente. “Ficamos em aproximação com autorização judicial, e em agosto do mesmo ano eles vieram morar conosco. Hoje faz 7 meses que a nova formação da minha família está deste jeito”.
Vaquinha para pais adotivos
E nós estamos com uma vaquinha no Só Vaquinha Boa para o casal Jhonatan Silva e Daniel Rocha, que adotou cinco irmãos para não separá-los. Os garotos viviam em um orfanato em Rio Claro, interior de São Paulo, após serem abandonados pela mãe. Ao conversar com um dos pais, a nossa equipe notou necessidades financeiras. Daniel é enfermeiro e Jhonatan trabalha de madrugada em uma empresa multinacional. Por isso, lançamos a vaquinha para ajudar essa família tão linda e que precisa muito! Contribua aqui!
Com informações da Pais & Filhos e SNB