O Parque Nacional de Guaricana, na Serra do Mar paranaense, terá 100 hectares restaurados e o projeto terá apoio de indígenas da comunidade Tupã Nhe’é Kretã.
A ideia é formar uma cadeia produtiva com espécies nativas da Mata Atlântica, associada à recuperação de áreas degradadas.
“Com as atividades que serão desenvolvidas em conjunto, será possível restaurar a cobertura florestal de uma área antes usada como plantação de pinus e contribuir com a geração de renda da comunidade”, disse ao Só Notícia Boa Juliano José da Silva Santos, pesquisador do Lactec e coordenador do projeto.
Essa restauração faz parte de ações realizadas em parceria entre o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento – Lactec, e o Fundo Brasileiro para a Diversidade (Funbio).
Mata Atlântica comprometida
A Mata Atlântica está presente em 17 estados brasileiros, mas conta com apenas 12,4% da floresta original atualmente.
A conservação desse bioma é responsável pela regulação do clima, abastecimento de água e preservação da fauna e da flora nativas.
Sabendo disso, a Lactec e a Funbio querem recuperar a área degradada e trazer para a região, não só um potencial turístico maior, mas uma qualidade de vida para as comunidades, fauna e flora da região.
O projeto
As ações vão avaliar ainda a viabilidade de um viveiro de espécies nativas para que a comunidade possa gerenciar, alinhando as tecnologias existentes com os conhecimentos tradicionais.
“Os indígenas já desempenham a função de protetores do Parque, porque moram junto à estrada que dá acesso a ele”, conta Juliano.
Projeto já foi iniciado
Parte do projeto, iniciado em janeiro e com duração prevista de dois anos, envolve a extração dos pinus existentes na área.
“O pinus é considerado uma espécie exótica e invasora que pode causar danos à unidade de conservação ambiental e expulsar espécies nativas, um processo que chamamos de contaminação biológica”, diz o pesquisador.
Desde janeiro, já foram realizados o processo de diagnóstico e delimitação da área a ser restaurada, por meio de georrecohecimento com drones, GPS e imagens de satélites.
Cinco rios cruzam o Parque, que fica localizado em uma área de transição entre as florestas de Araucárias e da Serra do Mar e é lar de espécies como anta, cachorro-do-mato, gato-do-mato e veado-mateiro.
Os próximos passos são decidir quais espécies serão plantadas. Depois de consulta com a comunidade indígena, composta por cerca de 50 pessoas, está previsto o plantio de árvores frutíferas, plantas medicinais e erva-mate nas áreas mais próximas à aldeia.