Um médico fez uma cirurgia inédita no Distrito Federal. Ele reimplantou o braço decepado de um piloto – pela hélice do avião – e ele já começou a ter os movimentos manuais novamente!
Osmar Tomé, de 54 anos, se preparava para sobrevoar quando percebeu que a hélice não se movimentava. Ao tentar consertar o problema, a hélice girou e decepou o braço dele. Uma tragédia!
Dois meses após o acidente, Osmar já recuperou o movimento e parte da sensibilidade do membro reimplantado. Ele planeja voltar a pilotar aviões de pequeno porte no início de 2023 e, no último dia dos pais, teve um momento especial graças à cirurgia. “Consegui abraçar minhas filhas, foi emocionante”, comemorou.
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O médico
O médico Bruno Veronesi, especialista em cirurgias de mão e microcirurgias reconstrutivas, aceitou o desafio de reimplantar o membro removido. Desafio porque a taxa de infecção em reimplantes assim é alta, de forma que poucos médicos aceitariam tentar restaurar o membro.
“Sempre tenho instrumentos esterilizados, o que tornou a intervenção muito mais rápida […] “Nós utilizamos microscópios e lupas cirúrgicas para conectar pequenas estruturas, com poucos milímetros de espessura, como vasos sanguíneos e nervos periféricos”, explicou o cirurgião.
O acidente
Osmar conta que na hora em que a hélice girou, decepou o antebraço esquerdo dele na altura do cotovelo e arremessou o membro a mais de 50 metros de distância. O movimento brusco também mutilou o polegar e o indicador da mão direita do piloto.
“Na hora, caí de joelhos, olhei para o que sobrou do braço e pensei: não conseguirei voar nunca mais”, contou.
Com a ajuda de um funcionário que voaria com ele, Osmar Tomé procurou o braço para tentar um socorro médico, mas a parte do corpo foi encontrado horas depois por vizinhos da região, que tinham se juntado às buscas.
O antebraço foi guardado dentro de uma sacola com soro fisiológico, que foi armazenada em uma caixa refrigerada – exatamente conforme havia sido orientado pelo médico amigo.
Apesar de ter sido orientado a buscar ajuda em um hospital da região, Tomé decidiu que buscaria um grande amigo em Brasília, que é ortopedista especialista em mãos.
“Não tive medo de morrer, mas fiquei preocupado porque estava perdendo muito sangue. Acho que foram uns quatro litros até entrar na sala de cirurgia. E fui andando da pista de voo até a van que me levou à ambulância, e da ambulância até o centro cirúrgico”, lembra.
Cirurgia inédita
De acordo com Bruno, quando a amputação é no antebraço ou no braço, o tempo para tentar realizar um reimplante é de aproximadamente seis horas. Tomé foi levado à sala de cirurgia faltando cerca de meia hora para o término desse prazo.
Bruno, que trabalha no hospital Sírio-Libanês, afirmou que a operação de Osmar Tomé foi a primeira desse tipo no Distrito Federal.
O médico disse que o piloto sofreu uma amputação extensa por trauma de avulsão: significa que não há corte, e sim o arrancamento do membro.
Cirurgias para reparar membros assim exigem ainda mais critérios e experiência médica, porque as estruturas lesadas precisam ser encaixadas totalmente.
Cirurgia de sucesso
Bruno explica que a recolocação do antebraço de Osmar no lugar durou cerca de oito horas. Outras duas cirurgias foram feitas desde então.
O cirurgião atribui o sucesso do tratamento às condições de saúde do paciente, à agilidade do transporte até Brasília e à preservação correta do antebraço.
“Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não se pode colocar o membro amputado no gelo. O jeito certo é inserir em um recipiente com soro fisiológico – uma sacola, por exemplo – e aí sim, essa embalagem deve ser mantida em contato com gelo”, explica. A ligação para o amigo médico no momento do acidente garantiu que o membro decepado fosse armazenado corretamente e felizmente Bruno agora segue em recuperação.
Com informações de O Nortão