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Dispositivo brasileiro detecta sinal de infarto pela saliva

Vitor Guerras
08 / 10 / 2024 às 09 : 52
O dispositivo criado por um pesquisador brasileiro da Unicamp, é capaz de identificar o infarto a partir da saliva. Revolucionário! - Foto: Lucas Felipe de Lima/Arquivo pessoal
O dispositivo criado por um pesquisador brasileiro da Unicamp, é capaz de identificar o infarto a partir da saliva. Revolucionário! - Foto: Lucas Felipe de Lima/Arquivo pessoal

Cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram um sensor que pode identificar diversas doenças, como o infarto, a partir da saliva do paciente. A técnica promete acelerar serviços no pronto atendimento.

Desenvolvida durante o doutorado do químico Lucas Felipe de Lima, a tecnologia consegue identificar a presença de enzima creatina quinase. Essa, por sua vez, é conhecida por aumentar seus níveis no organismo durante os episódios de infarto agudo do miocárdio.

O profissional de saúde aplica a saliva do paciente no sensor e essa informação é transformada em sinal elétrico. Dessa reação sai uma “informação” que é interpretada por um outro sensor conectado a um smartphone. Por último, um aplicativo no celular transforma o resultado em um gráfico e indica possíveis enfermidades do paciente.

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Ideia veio na pandemia

A ideia de construir o dispositivo veio na pandemia. Em 2021, Lucas estudou na Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

Lá, ele usou sensores eletroquímicos para auxiliar no diagnóstico da doença. O estudo rendeu o primeiro biossensor para covid-19.

Ao voltar para o Brasil, Lucas decidiu ampliar a gama de doenças que poderiam ser diagnosticadas a partir deste método.

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Como funciona

O transdutor, que transforma uma informação física em sinal elétrico, é afetado por elementos como anticorpos, enzimas e materiais genéticos.

Quando entram em contato com o sangue, a saliva ou outros fluidos biológicos, essas substâncias vão gerar uma resposta eletroquímica que pode ser mensurada.

Ao medir essa resposta com um potenciostato, a informação é enviada para o smartphone e lida por um aplicativo.

Quais doenças

O sensor consegue diagnosticar pelo menos 11 variantes da Covid-19. Além disso, também é possível identificar níveis de glicose, ácido úrico, nitrito e tiocianato.

Já para o infarto, o sensor procura pela presença da enzima creatina quinase. Essa, é conhecida por aumentar sua concentração no organismo durante esses episódios.

“No pré-infarto há uma série de sinais como formigamento no braço esquerdo, falta de ar e dor no peito que podem ser indicativos para a realização do exame. Então a ideia é usar essa tecnologia para diagnosticar a condição tanto em seus estágios iniciais quanto em pacientes que já estão passando pelo infarto propriamente dito”, explicou o pesquisador.

Acelera atendimentos

Segundo Lucas, o sensor foi pensado para a realização de testes no ponto de atendimento (PoC, em inglês) quando os exames médicos ocorrem no momento em que o paciente recebe o atendimento inicial.

Com a covid-19, uma resolução da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] passou a permitir que farmácias façam testes para diversas doenças e patógenos, como dengue e malária. Então uma pessoa que saiba minimamente mexer nesse sistema pode fazer o teste no ponto de atendimento.

Ela pega o material biológico, mede, descarta, e o paciente recebe o resultado prévio ali mesmo”, explicou em entrevista ao Jornal Unicamp.

O pesquisador está focado em tornar a invenção ainda mais robusta, para que no futuro, seja disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Um dia eu quero disponibilizar ao público meu próprio laboratório para a realização desses testes ou mesmo que esses equipamentos sejam levados para regiões remotas e usados no diagnóstico de doenças no caso de pessoas que não têm acesso fácil a uma rede pública de saúde”, concluiu.

O desejo do pesquisador é disponibilizar os testes no Sistema Único de Saúde. Foto: Jornal Unicamp.
O desejo do pesquisador é disponibilizar os testes no Sistema Único de Saúde. Foto: Jornal Unicamp.
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