Brasileira que criou aplicativo da felicidade no trabalho, após trauma, fatura R$ 500 mil
A brasileira Flávia da Veiga, de 48 anos, transformou o trauma em inovação: ela criou um aplicativo para promover a felicidade nos ambientes de trabalho.
De Vitória, Espírito Santo, a publicitária que já era bem sucedida, enfrentou a depressão em 2016. Depois de parte do prédio que morava desabafar, Flávia se viu com estresse pós-traumático e tudo desandou.
Mas a capixaba se reinventou e em 2020 lançou a plataforma BeHappier, que hoje atende mais de 24 empresas. Combinando ciência da felicidade e práticas corporativas, ela desenvolveu o app que, depois de aulas sobre o bem-estar, mede os níveis de felicidade dos funcionários de uma empresa. Deu super certo!
Do trauma a ideia
Formada na Universidade Federal do Espírito Santo, Flávia chegou ao ápice da carreira sendo gerente de comunicação da Embratel. Além disso, era sócia de uma agência por 14 anos.
Mas dinheiro não traz felicidade e Flávia sabia bem disso. Infeliz no emprego, teve que lidar com o baque quando a área de lazer do condomínio onde ela morava desabou.
“Ouvi um estrondo e olhei pra baixo: tudo estava destruído, pensei que o prédio ia cair e eu morreria soterrada. Fui diagnosticada com estresse pós-traumático e depressão. Senti que era uma segunda chance de ser feliz, mas eu não sabia como ser feliz”, disse em entrevista ao Estadão.
Foi estudar
A mudança veio. Para ajudar no tratamento contra as doenças, a publicitária decidiu estudar sobre a felicidade.
Fez cursos nas universidades da Califórnia, Harvard e Yale. Durante o período, Flávia aprendeu sobre psicologia e ciência da felicidade.
Segura de si, era a hora de pôr em prática tudo que descobriu.
“Entendi que tudo depende de como nosso cérebro interpreta os acontecimentos e a realidade. Comecei a perceber que existia um negócio por trás e entendi a economia da felicidade.”
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O início da BeHappier
Em 2018, deu o primeiro passo: desenvolver um aplicativo para uma multinacional para ajudar a formar hábitos de felicidade. Aí começava a estruturação da BeHappier.
Ao longo do percurso, mais um baque. Em 2019, o filho de Flávia foi baleado e perdeu os movimentos das pernas.
“Foi o momento mais doloroso e sofrido da minha vida, mas senti que consegui passar por ele com mais força, porque eu tinha aprendido a ser resiliente e a lidar com desafios. Eu uso a minha experiência para criar conexão emocional com as pessoas, porque peguei a minha dor para ajudar a minimizar a dor do próximo e mostrar que é possível ser feliz”, confessou.
Foco na felicidade
Mas desistir não estava no dicionário de Flávia. Ela persistiu e, em 2020, saiu da sociedade da agência para investir todo o tempo na BeHappier.
O aplicativo funciona com três etapas. A primeira parte é a assimilação dos conteúdos, com aulas teóricas.
No segundo momento, os usuários fazem as atividades práticas. Por último, os exercícios de repetição, para que o conteúdo seja fixado.
“A BeHappier oferece treinamentos, como o módulo voltado para atividades físicas, mas também estimula as empresas a adotarem outras iniciativas voltadas ao bem-estar e rituais que permitam que isso seja aplicado no ambiente corporativo”, explicou.
Durante todo o programa os funcionários são avaliados com a “Escala de Bem-Estar Afetivo no Trabalho”.
IA ajuda
Hoje, Flávia olha para trás e vê que não desistir deu certo. O faturamento em 2023 foi de R$ 517 mil.
Já são mais de 24 empresas e 300 usuários. Para o próximo ano, a CEO quer espalhar ainda mais o bem.
A inteligência artificial também está presente no processo. A empresa tem uma ferramenta treinada com materiais sobre felicidade. Assim, o atendimento pode ser personalizado para cada trabalhador.
“A ferramenta vai aprender o comportamento do usuário e antecipar algumas reações. Se a pessoa dormiu mal, por exemplo, a IA vai reconhecer que ela pode ficar mais irritada e sugerir atividades para aliviar o estresse antes mesmo de acontecer algo de fato”, finalizou.