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Soldado será o 1º gay a se casar com farda de gala da PM-RS
8 de junho de 2016
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Diego e o PM Miguel - Foto: arquivo pessoal||
Diego e o PM Miguel - Foto: arquivo pessoal||

Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SoNotíciaBoa

Uma questão de direitos iguais. Se homens e mulheres heterossexuais podem usar a farda de gala da PM do RS quando se casam, por que um soldado gay da mesma PM não poderia?

Foi o que reivindicou o soldado Miguel Martins, 29 anos, lotado no 1º Batalhão de Patrulhamento de Áreas de Fronteira (1º BPAF), em Uruguaiana, na Fronteira Oeste, RS.

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E esta semana ele conseguiu: será o primeiro brigadianos homossexual a se casar vestindo farda de gala da Brigada Militar.

“Ninguém é obrigado a nos aceitar, mas sim nos respeitar como seres humanos”, disse Miguel em entrevista ao SóNotíciaBoa.

“A gente tem que viver sem ter medo do julgamento alheio. Quem realmente gosta da gente de verdade não vai se afastar”, completou.

O policial militar, que atua no policiamento ostensivo, marcou casamento para o fim do ano com o modelo Diego Souza, de 21 anos. A cerimônia será no dia 23 de dezembro.

“Já protocolei o requerimento solicitando permissão para usar a farda no dia do meu casamento”, disse em entrevista ao Correio do Povo.

A autorização

Na avaliação do comandante do 1º BPAF, tenente-coronel Roberto Ortiz Pereira, não há impedimento para a realização da cerimônia.

Segundo ele, o uso da farda é uma prerrogativa da função exercida pelo soldado e, sendo assim, não há motivos para negar um direito ao PM.

O parece favorável do tenente-coronel já foi dado. A próxima etapa é receber o aval do Comando Regional de Polícia Ostensiva Fronteira Oeste (CRPO-FO) e, posteriormente, do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Alfeu Freitas Moreira.

“Por enquanto não houve impedimentos. Meus superiores e meus colegas de farda me apoiam”, diz.

“O comando da Brigada Militar se esforça para que Todo PM, na sua vida privada, seja feliz. E se casar fardado vai trazer felicidade ao soldado Miguel Martins, ele tem meu consentimento”.

A afirmação é do comandante-geral da BM, coronel Alfeu Freitas Moreira.

De acordo com Freitas, não é demérito para a corporação o fato de um brigadiano homossexual vestir sua farda.

“Ser homossexual não denigre a imagem da corporação. O que denigre é ir fardado à zona do meretrício ou fazer ingestão de bebidas alcoólicas usando a farda”, frisa.

Freitas revela, ainda, que este não será o primeiro casamento homoafetivo e nem o último.

“Há dezenas de uniões homoafetivas entre os componentes da BM”, assegura.

No entanto, pela história da corporação, talvez o soldado Miguel Martins seja o primeiro homossexual assumido a vestir a farda de gala no dia do casamento.

PM Miguel e Diego / Foto: arquivo pessoal
PM Miguel e Diego / Foto: arquivo pessoal

Emoção

Martins ficou emocionado ao ser comunicado que poderia realizar o sonho de casar fardado.

Lembra que conheceu o modelo Diego Souza em meados de 2015, pelas redes sociais.

O modelo vivia em Porto Alegre e o soldado em Uruguaiana. No entanto, foi em 27 de outubro do ano passado, que passaram a dividir o mesmo teto.

Quando Martins não está zelando pela segurança dos uruguaianenses, o casal não desgruda. O modelo busca o companheiro no quartel, participa de jantares nas residências de outros PMs, acompanhando o noivo, frequentam clubes e restaurantes da cidade.

Sem preconceito

“Nunca fui alvo de olhares preconceituosos ou foi vítima de algum assédio”, enfatiza o modelo.

O policial também:  “Nunca fui desrespeitado ou alvo de piados por ser um PM homossexual. Já efetuei diversas prisões e sequer os criminosos fizeram deboche”, conta.

“A pessoa tem que se aceitar para depois pedir para a sociedade lhe aceitar. Dos 18 aos 23 foi uma luta constante para me aceitar”, revela o policial.

Sonho

O soldado sempre sonhou casar fardado, como seus colegas heterossexuais de corporação. Mas para evitar contratempos e críticas, já havia assimilado a possibilidade de vir a usar um traje social na cerimônia de união com o modelo.

No entanto, foram justamente algumas críticas, que partiram de homofóbicos em suas páginas nas redes sociais, que fortaleceram o desejo de usar a farda no dia do casamento.

“Não estou cometendo crime algum. Todos somos iguais perante às leis. E, além disso, está regulamentado o casamento homoafetivo no Brasil”, argumenta.

Diego e Miguel / Foto: arquivo pessoal
Diego e Miguel / Foto: arquivo pessoal

Com informações do Correio do Povo e SóNotíciaBoa

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