Internos da Fundação Casa, em Batatais, interior de São Paulo, desenvolveram um aquecedor solar com canos PVC e garrafas plásticas.
O sistema economiza energia elétrica e ainda recicla materiais que iriam para o lixo.
A iniciativa chamou a atenção da Prefeitura da cidade, que investiu na ideia de aplicar o protótipo num abrigo local.
O trabalho também está disputando um concurso cultural realizado por uma rede varejista brasileira.
Um dos jovens apreendidos, que participou do trabalho, conta que a ideia surgiu numa aula de geografia, quando o professor explicava a importância do uso de energias renováveis.
O professor Rodrigo Matassa, que é orientador dos internos, explica que o aquecedor solar é simples de ser construído e não exige uma mudança radical na estrutura da casa.
Como funciona
Em vez de a água sair da caixa e ir direto para as torneiras, ela passa por um longo cano de PVC, instalado em ziguezague sobre o telhado da residência. Dessa forma, o líquido é aquecido pelos raios solares.
O encanamento é pintado de preto para absorver ainda mais o calor e também é revestido com garrafas plásticas, para evitar que correntes de ar resfriem a água.
Ao final do trajeto, o líquido volta para a caixa, em um circuito contínuo, até que alguém acione o chuveiro ou uma torneira.
“Eu fiz algumas pesquisas na internet, encontrei alguns modelos, a gente fez uma compilação, eles gostaram da ideia e começaram a desenvolver. O importante é eles entenderem na prática o que estava sendo estudado em sala de aula”, diz o professor.
Matassa afirma que, além de facilitar o aprendizado, o projeto também levou os internos a refletir sobre questões importantes no processo de ressocialização, como a convivência em sociedade e o bem estar social.
“Quando você mostra que ele faz parte e pode fazer a diferença, pode mudar a sociedade e, através disso, mudar a própria vida, automaticamente você está fazendo o processo de ressocialização. Você cria uma conscientização social que antes não existia”, explica.
Apoio
Matassa apresentou o projeto à Prefeitura de Batatais e a viabilidade técnica e financeira do aquecedor solar, principalmente em moradias populares.
O diretor de Obras, Silvio Valério da Silva, confessa que inicialmente duvidou da ideia, mas, depois de realizar alguns testes em um modelo que ele próprio construiu – e sugerir alguns aperfeiçoamentos – percebeu que o aquecedor era funcional.
Abrigo
O aquecedor solar dos adolescentes será construído em um abrigo municipal para crianças em situação de vulnerabilidade social.
A previsão é que o sistema seja inaugurado ainda em janeiro.
Além disso, a Prefeitura vai aplicar o projeto na construção de um vestiário em um campo de futebol que já existe e é administrado por uma entidade social.
O banheiro terá 45 metros quadrados e cinco chuveiros.
Apesar de não ter feito cálculos específicos, Silva estima que o aquecedor solar promova uma economia de 40% na conta de energia elétrica do complexo esportivo.
“Não é porque o menino está apreendido, praticou um delito, que não pode ser um grande engenheiro. Nós podemos ter grandes talentos dentro da Fundação Casa. Todo mundo tem direito e merece uma chance de recuperação. A gente só precisa dar oportunidade”, concluiu.
Com informações G1