A professora brasileira Débora Garofalo passou por mais uma peneira: foi da semifinal para a final do “Nobel de Educação”. Agora ela está entre os 10 melhores educadores do mundo do Global Teacher Prize.
O resultado do prêmio será divulgado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em 24 de março. O escolhido receberá US$ 1 milhão, concedido pela Varkey Foundation, fundação de caridade global focada em melhorar os padrões de educação para crianças carentes.
Paulista, Débora é formada em letras e em pedagogia, com pós-graduação em língua portuguesa pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), atua na rede pública de São Paulo há 14 anos e é a primeira sul-americana a chegar à final do concurso.
Débora é orientadora de informática educativa na Escola Municipal de Ensino Fundamental Almirante Ary Parreiras, na Cidade Leonor, na capital paulista.
Ela diz que só chegar à final já é um feito e tanto.
“É uma responsabilidade muito grande porque você se torna um exemplo. É um momento para a gente repensar e incluir a aprendizagem criativa e o ensino de robótica no currículo das escolas, criando novos caminhos”, afirma.
Ela destaca o valor de uma professora brasileira estar na lista dos 10 melhores globalmente.
“Isso rompe alguns tabus. A mulher é vista no Brasil com muito preconceito por trabalhar com tecnologia. Um professor dessa área é pouco valorizado.”
O projeto
A professora inovou em sala de aula ao criar o Projeto de Robótica com Sucata, em que estudantes de seis a 14 anos usam lixo para produzir robôs.
Ela atribui o fato de chegar à final do “Nobel da educação”, desbancando mais de 10 mil candidatos de 179 países, a iniciativas como essa.
“Acho que é o conjunto da obra. São os resultados apresentados, a questão da integração social entre comunidade e alunos e o fato de ser um trabalho pautado pelos objetivos sustentáveis da OMS (Organização Mundial da Saúde) e da ONU (Organização das Nações Unidas)”, diz.
“Uso a tecnologia como propulsora de aprendizagem e proponho que a robótica integre todas as áreas do conhecimento em cima da resolução de um problema que é a questão do lixo”, explica.
O projeto de Débora, que neste ano venceu o prêmio de Aprendizagem Criativa Brasil do MIT (Massachusetts Institute of Technology), dos Estados Unidos, vai além dos limites da escola.
Muitas aulas do projeto ocorreram na comunidade, retirando lixos. E, com uma iniciativa que envolveu os estudantes, suas famílias e os moradores da área, os alunos passaram a ver sentido no que estavam fazendo.
Tudo isso gerou um sentimento de pertencimento e de que eles podem fazer a diferença. E os efeitos se mostraram também no colégio: o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) saltou de 3,5 para 5,2.
Outra melhoria foi a redução da evasão escolar.
A docente reconhece que o momento é propício para desenhar políticas públicas mais efetivas no campo e também valorizar a categoria.
Com informações do CorreioBraziliense
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