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Ceará quer mandar pele de tilápia para tratar queimados no Líbano
6 de agosto de 2020
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Pele de tilápia - Foto: Viktor Braga / UFC
Pele de tilápia - Foto: Viktor Braga / UFC

Solidariedade. Cientistas do Ceará estão se mobilizando para mandar ao Líbano todo estoque que têm de pele de tilápia, para tratar pessoas queimadas na explosão da última terça, 4, em que deixou 4 mil feridos em Beirute.

Pesquisadores do Projeto Pele de Tilápia, da Universidade Federal do Ceará (UFC), começaram uma campanha para tentar convencer autoridades brasileiras a facilitar o envio de 40 mil cm² do produto.

Mas a doação esbarra em questões políticas. “Como é um material de pesquisa, os ministérios da Saúde dos dois países precisam se contatarem e autorizarem o envio e o uso. Mas a pesquisa já está bem avançada e os resultados de efetividade de efeito já são comprovados e publicados em artigos nacionais e internacionais”, disse o biólogo Felipe Rocha, pesquisador do projeto.

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O tratamento

O tratamento por meio da pele de tilápia funciona como um curativo biológico temporário e evita danos como contaminação.

“Ele age como curativo temporário que evita a troca de curativo, reduz a perda de líquido e a contaminação do meio externo para dentro da ferida. Dependendo da profundidade da queimadura a recuperação pode acontecer em um intervalo de 2 dias a até um mês e meio”, explicou um dos coordenadores da pesquisa, Dr. Edmar Maciel.

Estudos clínicos realizados no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) com mais de 350 pacientes, revelaram que a pele de tilápia tem alto potencial de regeneração, abrevia a dor do paciente, além de reduzir a troca de curativos e os custos operacionais clínicos. O seu uso é indicado para tratamento de queimaduras de 2º e 3º graus.

O produto natural vem sendo estudado no Brasil desde 2014 e em 2017 foi inaugurado o primeiro banco de pele de tilápia para uso em tratamentos médicos.

Reconhecimento

A técnica para a recuperação desses pacientes desenvolvida pela Universidade Federal do Ceará (UFC) chegou a ser levada pela NASA ao espaço, foi exportada para curar queimaduras de ursos na Califórnia e começou a ser usada este ano no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Rio de Janeiro para tratar pacientes.

A repercussão positiva dos resultados obtidos com as pesquisas já foram citadas em séries de TV norte-americanas como “The Good Doctor” e “Grey’s Anatomy”.

Anvisa

De acordo com o pesquisador Carlos Roberto Paier, a pele da tilápia é um produto experimental, ainda não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), motivo pelo qual o envio do material ainda é burocrático.

“É preciso ter uma empresa interessada em fazer a transferência da tecnologia. Se a empresa adquirir essa tecnologia e passar a produzir a pele da tilápia industrialmente, o produto poderá ser comercializado e passará a ser fiscalizado pela Anvisa”, explica.

Esta não é a primeira vez que existe a intenção de enviar o produto para o exterior.

No ano passado, a equipe tentou colaborar no socorro a vítimas de um acidente na Colômbia, mas houve entraves com a legislação daquele país, o que acabou inviabilizando o envio.

Com informações do G1 e SNB

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