Um brasileiro de 18 anos foi aprovado em 11 universidades americanas, entre elas a badalada Harvard.
Mas Rafael Basto, de Salvador, na Bahia, decidiu estudar em Stanford, a segunda melhor universidade do mundo, de acordo com o QS World University Rankings.
O adolescente vai cursar Física e o sonho dele é reduzir as desigualdades no Brasil e no mundo usando ciência e tecnologia.
“Quero trabalhar com pesquisa fundamental em física, buscar entender com profundidade como a natureza funciona… Meu sonho é aplicar inovações nas áreas de matéria condensada e tecnologias quânticas para reduzir desigualdades baseadas em renda”.
Rafael teve a ideia quando começou a dar aulas de física e astronomia em escolas públicas e percebeu a enorme desigualdade que havia no acesso à educação de qualidade, saúde, saneamento básico e até mesmo eletricidade.
Para reduzir essas disparidades, ele pretende desenvolver supercondutores de alta temperatura para baratear energia em áreas remotas, sensores quânticos acessíveis para aparelhos de imagem médica e até laboratórios de física de realidade virtual de baixo custo para ajudar estudantes de escola pública a visualizarem conceitos complexos de física.
História
Desde que se entende por gente, Rafael Basto buscava entender tudo ao seu redor – e não descansava até conseguir respostas satisfatórias.
“Entrava no carro e começava a pensar como ele funcionava, olhava para o céu e refletia sobre a origem do universo, por que as estrelas brilhavam”, conta. “Passava horas buscando respostas para as minhas perguntas, procurando na internet, em livros, perguntando para professores.”
Dessa curiosidade nasceu a paixão pela ciência, sobretudo pela física, sua área de escolha.
No 6º ano do Ensino Fundamental ele começou a participar da Olimpíada Brasileira de Robótica.
“Gostava tanto de construir robôs que fazia disso meu passatempo”, lembra ele.
No 8º ano, ele estudou por conta própria, e em apenas três meses, leu um livro inteiro de física do Ensino Médio e conquistou sua primeira medalha de ouro, na Olimpíada Brasileira de Física.
EUA
No ano seguinte, Rafael e sua família se mudaram para Los Alamos, no Novo México, nos Estados Unidos, onde ele teve a oportunidade de estagiar no National High Magnetic Field Laboratory, um dos maiores laboratórios de magnetismo do mundo.
Após um ano de experiência no exterior, Rafael retornou ao Brasil e foi convidado a estudar com bolsa integral no colégio Farias Brito, em Fortaleza, no Ceará.
Lá, ele teve aulas preparatórias para olimpíadas nacionais e internacionais e chegou a conquistar o 2º lugar na Latin American Robotics Competition e ganhou medalha de bronze na International Physics Olympiad (IPhO), em Israel.
Por que não?
Nessa época, quando começou a estudar física mais profundamente, começou a inquietude.
“Percebi como os grandes nomes da ciência, como Einstein e Feymann, eram estrangeiros. E eu me perguntei: por quê? Onde estão os brasileiros nessa história?”
O jovem começou a se preparar para os processos seletivos e concorreu a uma vaga em 18 universidades estrangeiras ainda no início do 3º ano do Ensino Médio.
Gagueira
E o maio desafio para ele, que sofre de gagueira, foi enfrentar a banca. Na redação, Rafael escreveu sobre ser gago.
“Sempre tive esse problema, e por ter sido um dos fatores que mais definiram minha vida, decidi escrever sobre isso.”
Deu certo.
“O dia em que fui aceito foi o melhor da minha vida e levei algumas semanas para processar a informação, mas depois de algum tempo, me dei conta de que não foi algo aleatório. Trabalhei duro durante muitos anos para alcançar esse sonho.”
Devido à pandemia da Covid-19, Rafael decidiu adiar sua entrada na universidade para 2021.
Até lá, ele pretende aproveitar o tempo para trabalhar como professor de física em uma escola e estudar por conta própria para algumas matérias da universidade.
Com informações do R7