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Pesquisadores de Brasília descobrem tratamento potencial contra Covid
12 de janeiro de 2021
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Foto: reprodução UnB
Foto: reprodução UnB

Pesquisadores da Universidade de Brasília descobriram um tratamento potencial preventivo e terapêutico de uma proteína contra a Covid-19.

Trata-se da alfa-1-antitripsina -A1AT – que já é conhecida pela comunidade científica e por profissionais da saúde. A proteína é utilizada em pacientes HIV positivos, ou como fator protetivo contra infecções virais.

E os estudos agora apontam resultados promissores também contra o novo coronavírus. A descoberta foi publicada na revista Reviews in Medical Virology.

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“Em relação ao HIV, apenas uma pequena porção da proteína de A1AT, contendo 20 aminoácidos do extremo carboxi-terminal, exerce a função antiviral. Queremos explorar e ver se esse peptídeo exerceria a mesma função anti Sars-Cov2. Se funcionar, tornaria fácil e barata a produção de um medicamento sem efeitos colaterais. Seria uma terapia com muitos benefícios no início do processo infecioso”, disse Enrique Argañaraz, doutor em virologia molecular e professor do Departamento de Farmácia da UnB.

Proteção do Pulmão

A proteína tem um papel anti-inflamatório e atua na manutenção da fisiologia pulmonar, protegendo o órgão contra a ação degenerativa de enzimas que atingem altas concentrações durante processos inflamatórios.

Tanto a ação anti-inflamatória quanto a ação protetiva chamaram atenção dos pesquisadores da UnB.

“Quando surgiu a covid-19, nos debruçamos no estudo dos possíveis mecanismos fisiopatológicos. Verificamos que duas das principais proteinases envolvidas tanto na entrada do vírus na célula como em mecanismos patogênicos desencadeados após infecção poderiam ser alvos da A1AT”, disse Enrique Argañaraz.

O professor Gustavo Argañaraz, coautor do estudo, afirma que a alfa-1-antitripsina tem o potencial de beneficiar especialmente pacientes cujo quadro clínico tende a um desfecho pior da covid-19.

“Em pacientes com desfecho clínico agravado, tem ocorrido a famosa tempestade de citocinas, que é uma resposta inflamatória exacerbada apontada como uma das causas da síndrome respiratória e da falência múltipla de órgãos. Nesse contexto, a A1AT é um elemento fundamental por estar relacionada à inibição das citocinas inflamatórias”, detalha.

Revisão

O estudo foi feito com a ajuda de estudantes da universidade.

Eles fizeram uma revisão científica com resultados de pesquisa da UnB sobre a A1AT em trabalhos anteriores e descobertas sobre o Sars-Cov2 publicadas pela comunidade científica internacional nos últimos meses.

“O desfecho clínico da covid-19 foi melhor em pacientes cuja concentração de A1AT em relação à IL6 [uma citocina inflamatória] aumentava ao longo do quadro. Já nos casos em que a concentração de IL6 prevalecia, o desfecho clínico foi pior, inclusive com maior índice de mortalidade”, afirma Mariana de Loyola, graduanda em Farmácia e coautora da pesquisa.

Outras frentes

Com a pandemia de covid-19, boa parte dos investimentos em pesquisa são direcionados para o desenvolvimento de novos medicamentos contra o vírus.

Os pesquisadores reforçam, entretanto, a importância de se investigar o potencial de medicamentos já existentes, como a A1AT.

Para Argañaraz, avaliar opções terapêuticas deve ser uma estratégia prioritária diante da pandemia.

“O vírus vai sofrendo mutações drásticas em seu processo evolutivo. É o que foi verificado recentemente na Inglaterra. Isso coloca uma interrogação sobre qual será a eficácia da vacina a longo prazo. Estudar outras alternativas terapêuticas é uma prioridade”, diz o docente.

Esquema ilustra a proteína alfa-1-antitripsina (em vermelho) e sua atuação em inibir a serina protease TMPRSS2 (em marrom) – responsável pela entrada do vírus Sars-Cov2 – e as proteases ADAM17 (em verde) e a TNFα (em marrom) – que resultam em complicações inflamatórias. Imagem: Laboratório de Neurovirologia Molecular da Faculdade de Ciências da Saúde
Pesquisadores do Laboratório de Neurovirologia Molecular da UnB seguem pesquisando propriedades da A1AT. Imagem: Reprodução

Com informações do Correio Braziliense e UnB

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