Há três semanas estou ensaiando para escrever uma matéria sobre o The Voice+, da TV Globo e foi a apresentação deste domingo, 31, da cantora Cláudya – uma das maiores vozes da história música popular brasileira – que me fez finalmente colocar em palavras a emoção que este programa tem trazido a mim e a várias outras pessoas que conheço.

Diria, sem medo de errar, que é o melhor musical dos últimos tempos da TV brasileira. Sabe quando o subproduto acaba ficando melhor que o original? É o The Voice+, em relação ao The Voice Brasil e ao The Voice Kids.

Por que? Por vários motivos extras: pelo repertório rico, pelas histórias emocionantes de vida e superação dos participantes, todos com mais de 60 anos, e por mostrar que talento não envelhece, não tem idade.

Tem cantores ótimos que largaram a música ainda jovens por causa de um amor e voltaram a cantar 20, 30 anos depois, quando se separaram ou ficaram viúvos.

Henriette Fraissat, de 72 anos, teve a voz “calada” pelo marido ciumento e só agora, após 30 anos, decidiu se libertar. Ela cantou neste domingo “You Are So Beautifull” de uma forma tão particular e intimista que as quatros cadeiras viraram para ela logo nos primeiros segundos.

Ela escolheu o técnico Daniel e disse: “Daniel, cuida do meu coração!”.

Ao programa também vão cantores de bar, de bandas antigas, de igreja, de corais… Do samba ao rock, eles apresentam vozes afinadas que hoje combinam com cabelos brancos, ou a ausência deles, sem perder o brilho.

Você se arrepia várias vezes durante o programa. Ri, chora, torce para as cadeiras virarem para gente que canta muito e por algum motivo não foi reconhecida quando era jovem, ou teve fama e anda esquecida.

Cláudya, a diva

Fiquei impressionado quando o programa deste domingo chamou a matéria com a história da cantora Cláudya, que se apresentaria em seguida no concurso de vozes. Pensei: “É a Cláudya, do musical Evita?” E era!

A diva, que brilhou nos anos 60 ao lado de ídolos como Elis Regina, no Fino da Bossa, venceu e participou de diversos festivais nacionais e internacionais e foi na época a cantora mais premiada fora do Brasil, estava lá para se apresentar humildemente.

É quase impossível imaginar Cláudya cantando para que as cadeiras virassem, quando o mundo já tinha tirado o chapéu pra ela! Mas a artista se desafiou mais uma vez, agora aos 72 anos.

Apenas Cláudia Leitte virou – no último segundo – e ficou igualmente surpresa quando descobriu que a Cláudya, que tinha cantando lindamente “Deixa eu Dizer”, era a cantora famosa que gravou esse mesmo sucesso nos anos 70 e emocionou multidões com sua voz.

“É você? É a Cláudya”, perguntou Cláudia Leitte admirada.

E a cantora disse “sim, sou eu”.

Acredito que Daniel, Mumuzinho e Ludmila ficaram até constrangidos por não terem virado a cadeira para a diva. Eles ficaram de olhos arregalados enquanto ela contava o tamanho do sucesso que fez com sua voz, ainda hoje potente e afinadíssima.

Outros nomes

Outros cantores e compositores que fizeram sucesso no passado e já se apresentaram no programa foram: Dudu França, galã dos anos 70 e Zé Alexanddre, a voz linda do dueto com Oswaldo Montenegro na canção Bandolins, dos anos 80.

Foi interessante também neste domingo quando Cláudia Leitte disse a um dos cantores que ele cantava tão bem aquela música – “Cada um, Cada Um, a Namoradeira” – que parecia dele.

E Ronaldo Barcelos, de 67 anos, respondeu humildemente: “É minha […] Eu fiz em 82 e até hoje ela paga a minha conta de luz”.

Ah, se parecer que estamos ganhando para falar bem do programa, adianto que não estamos.

Este portal foi criado para dar Só Noticia Boa e o The Voice+ é uma delícia de assistir, revigora!

É um resgate de talentos, canções  lindas e uma inspiração para quem acha que não dá mais tempo para soltar sua voz, brilhar num palco em rede nacional e espalhar o dom e a força da música.

Assista aqui ao The Voice + deste domingo.

Cláudya cantando no The Voice+ - Foto: reprodução / TV Globo

Cláudya cantando no The Voice+ - Foto: reprodução / TV Globo

Por Rinaldo de Oliveira da redação do Só Notícia Boa