Que coração imenso! Uma engenheira já hospedou de graça no apartamento dela mais de 100 pessoas que foram para Porto Alegre e aguardavam para fazer cirurgias.
É tanto carinho que a casa de Isabel Mânica Ruas já e’ conhecida como ‘Espaço de Deus’, na capital gaúcha.
Ela mora em frente a um hospital e faz isso desde 2017 para famílias de crianças que precisam de transplantes de órgãos na capital gaúcha.
A ideia
A ideia surgiu depois de algumas visitas de fim de semana que Isabel fazia ao Hospital da Criança Santo Antônio, com amigos da igreja que frequenta. A unidade de saúde é especializada em atendimento pediátrico.
“Víamos todos aqueles pais que ficavam na porta do hospital esperando leitos. Muitas vezes na busca por um lugar para ficar, muitos deles sem condições”, disse à Época.
“Comecei fornecendo roupas, calçados e fazendo campanhas de doação de sangue. Aos poucos, foi crescendo. Nem chegava a sair uma família e já vinham outras esperando para entrar”, contou.
Ela participa de um grupo de mães que avisa quem está chegando e precisando de ajuda.
“Já tive famílias de vários municípios aqui do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Espírito Santo, de Goiás, do Tocantins, do Pará”, lembra.
“Espaço de Deus”
Para receber as pessoas, Isabel fez uma reforma no apartamento dela e criou uma kitnet separada – com quarto, sala, cozinha e banheiro – que tem 30 metros quadrados.
Assim, o “Espaço de Deus” passou a abrigar pessoas que chegam de outros municípios e estados para se tratar no hospital Santa Casa de Misericórdia, situado em frente ao edifício no qual ela mora.
“É realmente um espaço de Deus, e a Isabel foi um anjo na minha vida”, afirmou Carmen de Fátima Vargas Gonçalves, de 61 anos, uma das pessoas que ficaram na casa de Isabel Ruas.
Moradora de Bagé, no interior do Rio Grande do Sul, ela descobriu em abril de 2020 um câncer de língua. Carmen foi encaminhada para Porto Alegre para tratar a doença, porém, estava em plena pandemia e não havia hotéis abertos na cidade para ela se hospedar e aguardar pela cirurgia, um procedimento de alta complexidade e sete horas de duração.
Aí ela conheceu Isabel Mânica Ruas, por intermédio de amigos e ficou na casa da engenheira até ser operada.
“O lugar é maravilhoso, aconchegante. Ela arrumou tudo para me esperar. Meu marido e a cuidadora se hospedaram lá enquanto eu estava sendo operada. Na cirurgia, tiraram 40% da minha língua. Ao todo, precisamos ficar 11 dias”, contou.
Ao todo, aproximadamente 10 pessoas ajudam a engenheira no acolhimento às famílias.
O único gasto que as famílias precisam arcar é com alimentação.
Com informações da Época