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Enfermeiro que vendia trufas é convidado para trabalhar em hospital na Alemanha
16 de junho de 2021
- Rinaldo de Oliveira
As vendas de trufas ajudaram na renda para se manter Carlos na faculdade - Fotos: arquivo pessoal
As vendas de trufas ajudaram na renda para se manter Carlos na faculdade - Fotos: arquivo pessoal

Quem vê o jovem enfermeiro Carlos Eduardo Arruda, de 25 anos, coordenando a Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) em Iaçu (BA), não imagina as dificuldades que ele precisou enfrentar para conseguir concluir o ensino superior.

Nordestino e de família de classe média baixa, ele precisou vender trufas nas sinaleiras para realizar o sonho de cuidar da saúde das pessoas.

A notícia boa é que, além de conseguir o sonhado diploma em Enfermagem, Carlos foi convidado para trabalhar em um hospital na Alemanha, por causa do seu bom rendimento na profissão. Com contrato assinado, ele se prepara para embarcar no ano que vem.

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Filho de uma pedagoga e mãe solo, Carlos é apaixonado pela área da saúde e conseguiu ingressar na faculdade com apoio do Fies, em 2016, usando a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“Busquei o Fies porque a mensalidade na faculdade onde eu estudava era R$1.200. Minha mãe era professora e nós não tivemos ajuda do meu pai. Se não fosse o auxílio eu não teria condições de fazer a faculdade porque o curso é muito caro”, explica o enfermeiro.

Carlos lamenta o fato de a “Enfermagem no Brasil ser desvalorizada”:

“Passei no processo seletivo para trabalhar como enfermeiro na Alemanha. Lá eles procuram enfermeiros de outros países. Vou começar um curso de alemão ofertado pela empresa e, daqui a um ano, vou trabalhar em um hospital de lá”, comemora.

O trabalho nas ruas

Até conseguir o tão esperado reconhecimento, o jovem precisou buscar o sustento nas sinaleiras para garantir o alimento em casa e o transporte para a faculdade. Nos dias que não tinha aula, no município baiano de Cachoeira, Carlos saía para vender trufas por R$2 no semáforo de Feira de Santana e por R$3 na praia do Cabo Sul (ambos na Bahia).

“Saía pela manhã, às vezes não almoçava, e faltava até dinheiro de transporte para voltar para casa. Já tive que pedir dinheiro emprestado. Foi com muito esforço que consegui concluir o curso”, conta.

Durante as vendas, um dos maiores desafios foi superar a invisibilidade de estar nas ruas.

“Tinha gente que virava o rosto para mim, me tratava com ignorância”, recorda com pesar.

Em alguns dias, ele voltava para casa com apenas R$25. “Mesmo com pouco dinheiro fruto da venda, eu voltava para casa alegre, aliviado por ter conseguido, pelo menos, o dinheiro para ajudar na alimentação e no transporte da faculdade”.

Superou as adversidades

Carlos superou as adversidades e, hoje, se orgulha em trabalhar acompanhando pré-natal, monitorando e prestando assistência a pacientes com Covid-19, na UBS da sua cidade, além de solucionar os problemas da unidade sob sua coordenação.

“Sempre tive paixão pela área da saúde. Há muito tempo, pensei em fazer Medicina, mas esse curso, para quem é pobre como eu, é difícil, principalmente por causa da concorrência, a nota de corte é muito alta. Optei por Enfermagem porque é uma área que também gosto”, explica.

Ele contou que o que mais ama no trabalho é receber o retorno positivo dos pacientes.

“Recebi uma mensagem de uma paciente que me motiva cada vez mais. Fiz o primeiro pré-natal dela e, depois, ela falou para a agente comunitária que amou muito a assistência recebida. Saber que estou fazendo um trabalho bom me motiva. O paciente recebe alta, sai feliz, agradece e isso para mim é muito importante”, concluiu o enfermeiro.

O enfermeiro Carlos Eduardo Arruda - Foto: arquivo pessoal
O enfermeiro Carlos Eduardo Arruda – Foto: arquivo pessoal
O enfermeiro Carlos Eduardo Arruda - Foto: arquivo pessoal
O enfermeiro Carlos Eduardo Arruda – Foto: arquivo pessoal
Carlos Eduardo Arruda  em atendimento - Foto: arquivo pessoal
Carlos Eduardo Arruda em atendimento – Foto: arquivo pessoal

Fonte: Brenda Chérolet – Agência Educa Mais Brasil

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