Uma psico-oncologista brasileira ganhou destaque internacional ao vencer um prêmio, equivalente ao Oscar da oncologia mundial.
A brasiliense Cristiane Bergerot, de 39 anos, é do Centro de Câncer de Brasília – Cettro – e ganhou o Global Oncology Young Investigator Awards 2021, da Conquer Cancer Foundation.
A premiação foi feita em um dos maiores congressos mundiais sobre oncologia, o Asco Annual Meeting 2021, que aconteceu no início deste mês. De 2018 a 2021, 23 pesquisadores receberam o prêmio, sendo apenas dois brasileiros.
Destaque profissional
A brasiliense voltou de Los Angeles em maio de 2020 para assumir o serviço de psico-onco e integrar a equipe do Cettro, e desde então tem se destacado na área.
No início de 2021, a médica foi premiada por uma pesquisa que avalia o uso de um aplicativo baseado na intervenção mindfulness para pacientes com câncer renal metastático no Brasil.
Para Cristiane, são várias as evidências de que a intervenção via internet reduz sintomas de depressão e ansiedade, além de melhorar efeitos colaterais do tratamento e sintomas da doença, como dor e fadiga, por exemplo.
“Esse é o segundo grant internacional que recebo, em menos de um ano, desde meu retorno ao Brasil”, declara.
“Não estive sozinha. Tenho o apoio do meu coinvestigador principal (Paulo Bergerot) e dos meus mentores, os doutores William Dale (City of Hope, EUA), Enrique Soto (Instituto Nacional de Ciencias Medicas y Nutricion Salvador Zubiran, México) e João Nunes (Cettro)”, reitera a médica, em forma de agradecimento.
Trabalho emocional
A área de Cristiane, a psico-oncologia, tem como principal objetivo tratar dos aspectos emocionais dos pacientes com câncer para reduzir o sofrimento durante o processo do adoecimento.
O trabalho apresentado pela médica foi uma análise de um programa de avaliação geriátrica, por meio de um sistema de telemedicina, em pacientes idosos que começaram tratamento quimioterápico contra o câncer.
Como prêmio do Asco Annual Meeting 2021, a psicóloga ganhou U$ 50 mil, quantia que patrocinará o estudo com duração de aproximadamente um ano. “Recebemos o grant (premiação) agora. Obtivemos a autorização do comitê de ética para realização do estudo na semana passada. Estamos iniciando a coleta de dados”, comenta Cristiane.
De acordo com os estudos de Cristiane, o número de pessoas com idade igual ou superior a 65 anos crescerá, mundialmente, de 703 milhões, em 2019, para 1,5 bilhão, em 2050.
Essa população representa um grande desafio global na assistência oncológica (mais de 60% de todos os adultos diagnosticados com câncer têm idade igual ou superior a 60 anos).
O estudo premiado de Cristiane tem por objetivo avaliar a viabilidade de um programa de avaliação oncogeriátrica via telessaúde, que segue as diretrizes propostas pela Asco, em pacientes com câncer, com idade igual ou superior a 65 anos, em início de tratamento quimioterápico.
“Um planejamento terapêutico será proposto e discutido com o médico assistente e o paciente. Três meses após o início do tratamento, reavaliaremos esses pacientes”, explica a premiada. O estudo será feito com 61 pacientes.
Com informações do Correio Braziliense