Um estudo promissor que usa implante no cérebro para tratar depressão grave foi publicado esta semana na revista especializada Nature Medicine.
Ele está sendo feito de forma experimental nos Estados Unidos – no Instituto Weill de Neurociências da Universidade da Califórnia em San Francisco – e usa um dispositivo implantado no cérebro do paciente.
E o mais importante é que a paciente sentiu mudanças expressivas no seu humor. Após a primeira vez que recebeu o estímulo, ela riu alto no laboratório.
O teste usou uma técnica chamada estimulação cerebral profunda em uma paciente com depressão grave e resistente ao tratamento, chamada Sarah (sobrenome não dvulgado).
Nesta técnica, eletrodos são implantados dentro do cérebro e liberam impulsos elétricos para alterar ou regular a atividade cerebral anormal – tratamento comum para condições como epilepsia e doença de Parkinson.
Como
Neste ensaio, a equipe do estudo personalizou a abordagem de tratamento para a depressão de uma mulher que sofre com o transtorno.
Eles mapearam o tipo de atividade cerebral que ocorreu quando os sintomas de depressão de Sarah explodiram.
Em seguida, implantaram cirurgicamente um dispositivo que poderia detectar essa atividade cerebral e enviar estimulação ao circuito onde a ação estava acontecendo.
Os resultados
Felizmente, para Sarah o procedimento foi altamente eficaz.
As pontuações dela nas escalas de avaliação da depressão caíram na manhã seguinte, depois que o dispositivo foi ligado.
O circuito de depressão de Sarah inflama centenas de vezes por dia e, a cada vez, o dispositivo implantado fornece um breve pulso estimulante.
Tratamento indolor
No total, ela recebe cerca de 30 minutos de estimulação por dia, diz Scangos.
Sarah não consegue sentir as vibrações, mas disse que tem uma ideia geral de quando elas estão acontecendo ao longo do dia.
“Há uma sensação de alerta e energia ou positividade que vou sentir”, disse ela.
Futuro promissor
As descobertas abrem outra possível estratégia para ajudar pessoas com depressão.
As lições do teste ajudaram os pesquisadores a entender mais sobre a natureza do problema e podem se aplicar a novos esforços para tratar a doença.
“Identificamos por meio deste ensaio algumas propriedades fundamentais sobre o cérebro”, disse a autora do estudo, Katherine Scangos, psiquiatra do Instituto Weill de Neurociências da Universidade da Califórnia em San Francisco, durante a coletiva de imprensa.
Procedimento caro
O estudo envolveu apenas Sarah e ainda não está claro como isso pode funcionar em outras pessoas porque os circuitos envolvidos podem ser diferentes para cada paciente.
Outra questão: o dispositivo usado nela ainda não está autorizado para tratar a depressão – foi inicialmente projetado para tratar a epilepsia.
O FDA (Federal Drug Administration) deu uma autorização especial apenas para este estudo em específico.
E se provar que funciona para outras pessoas, ele provavelmente só será usado depois de tentar todas as outras opções, diz Chang.
E é uma abordagem cara também: o dispositivo usado neste estudo pode custar entre US$35.000 (R$ 190 mil) e US$40.000 (R$ 220 mil).
Com informações da Nature