Brasileiros descobriram um novo uso para pele de tilápia, já conhecida para tratar queimaduras. Agora pesquisadores da Universidade Federal do Ceará estão usando o curativo biológico na cirurgia de crianças que nascem com dedos das mãos grudados.
A pele de tilápia já foi utilizada como suporte em três cirurgias que aconteceram agora em setembro no Hospital Sobrapar – Crânio e Face, em Campinas, São Paulo. Segundo os médicos, os pacientes tiveram redução de 50% no número de curativos e o tempo cirúrgico também foi beneficiado, além do alívio na dor durante os curativos.
As peles utilizadas nas cirurgias-teste foram doadas por uma piscicultora do município cearense de Itarema. Agora existem mais sete procedimentos programados.
A cirurgia comum
A Síndrome de Apert é uma anormalidade embriológica que ocasiona a junção de três ou mais dedos das mãos ou dos pés.
A cirurgia convencional para corrigir o problema, causa muita dor na criança e exige maior quantidade de curativos.
O procedimento envolve a retirada de pele do abdômen para enxertar no local e fazer a correção dos dedos. No entanto, não há uma promessa de resultados satisfatórios, especialmente nos casos mais graves.
A cirurgia com pele de tilápia
O médico cearense Edmar Maciel, coordenador geral da pesquisa da pele de tilápia e que acompanhou os processos, disse que o curativo trouxe inúmeros benefícios para o procedimento e, por isso, tem sido visto como uma metodologia promissora para esse tipo de cirurgia.
Ele notou a redução do tempo cirúrgico, ausência de cicatriz no abdômen, menor morbidade, redução de 50% no número de curativos, alívio da dor nos curativos, redução nos custos do tratamento e uma boa “pega” do enxerto após a última cirurgia.
O trabalho foi desenvolvido após um ano de preparação e agora espera pela aprovação em Comitês de Ética para ser utilizado como um procedimento padrão, em todos esses tipos de cirurgias.
Atualmente, estudos envolvendo a pele da tilápia envolvem 262 pesquisadores em nove estados do Brasil e mais oito países.
Ela vem sendo estudada aqui no Brasil desde 2017, como mostramos no Só Notícia Boa na época.
Com informações de Diário do Nordeste