Uma fisioterapeuta de Salvador se descobriu “professora” durante esta pandemia, época de dificuldade que despertou em muita gente uma vocação antes não explorada, num cenário tão inusitado e desafiador.
E foi justamente durante o isolamento social que a Marianna Carvalho, de 31 anos, passou a ajudar a filha Anna Vitória, de 6 anos, na alfabetização.
Isso despertou uma paixão tão grande que, agora, a fisioterapeuta quer também cursar Pedagogia e seguir no caminho da educação. Olha que legal!
A descoberta
Com a suspensão de aulas presenciais, a pequena estava no período de alfabetização e teve que contar com a mãe para atravessar essa importante etapa.
Os desafios eram inúmeros e cada um deles foi sendo atravessado com muito amor e dedicação.
“Quando começou a pandemia, nós achamos que seriam apenas 15 dias e, depois, o tempo foi aumentando. No início, ela me questionava muito sobre sair e ir para escola. Aí eu olhei vídeos na internet para tentar explicar e fazer ela entender a mudança repentina de rotina e o porquê de precisarmos ficar distantes das pessoas, da escola, dos amigos”, explica a fisioterapeuta.
Importância da fase de alfabetização
Especialmente na fase de alfabetização, o contato com colegas, professores e a rotina escolar é muito importante para o desenvolvimento das crianças.
Por isso, mesmo com a ajuda da escola nesta etapa, Marianna precisou arregaçar as mangas, focar no instinto de mãe para aperfeiçoar novas habilidades. Tudo para não prejudicar o desempenho acadêmico da filha.
“Com o passar do tempo, a escola começou a se adaptar ao novo normal e aí passou a mandar as atividades, mas para mim ainda era pouco. Por isso, usei o recurso da internet para buscar alternativas para ela começar a desenvolver a escrita, a leitura e treinar as habilidades já conquistadas no período presencial antes da pandemia. Eu tive uma surpresa muito grande por conseguirmos alcançar o objetivo de ensinar e aprender, pois o trabalho foi muito mais meu e dela do que de outra pessoa”, avalia.
O despertar da nova vocação
Marianna, que sempre valorizou o papel dos professores, sentiu na pele as dificuldades do ato de ensinar.
A experiência acabou despertando uma nova vocação. Agora, a fisioterapeuta quer também cursar Pedagogia e seguir no caminho da educação.
“Eu valorizo muito a escola, o professor. Agora mais do que nunca… se com uma aluna, que é minha filha, foi difícil, eu imagino o desafio de um professor ensinar a dez crianças, com personalidades diferentes, dez famílias diferentes, tudo diferente”, reconhece.
As dificuldades no alfabetizar
Aprender números, letras, formar palavras, dar novos significados à vida… a alfabetização é a etapa mais importante do desenvolvimento infantil e se inicia na primeira infância.
É nesta fase que acontece o processo de aprendizagem com foco no desenvolvimento da habilidade de ler e escrever de maneira adequada e para utilizá-la como um código de comunicação com o meio.
Na alfabetização, a aprendizagem acontece inicialmente por meio das brincadeiras, musicalidade, artes e tantas outras atividades que despertam a curiosidade das crianças. “Eu usei os recursos possíveis para o momento, como televisão, internet, vídeos no YouTube para conseguir fazê-la aprender. A gente brinca que é um videogame e cada atividade que ela faz, ela passa de fase”, compartilha uma das suas estratégias lúdicas.
E daqui para a frente?
Pensando no período pós-pandemia – e na possibilidade de retorno das aulas presenciais – a preocupação agora é outra.
Se, para os adultos, a dificuldade de não manter o contato físico já é grande, imagine para uma criança que tem como principal característica a proximidade.
“A orientação sobre os cuidados precisa ser reforçada dentro de casa”, alerta a mãe, fisioterapeuta e futura pedagoga.
Máscara, álcool gel na mochila e dose de imunização assim que for liberada a vacina para a faixa etária abaixo dos 12 anos são alguns dos cuidados que não podem ser negligenciados.
“Sempre oriento bastante que ela não vai poder abraçar os coleguinhas, nem tirar a máscara. Vamos precisar manter o distanciamento, mesmo sabendo que é difícil”, conclui.
Por Larissa Mesquita – da Agência Educa Mais Brasil