Quando o objetivo é salvar vidas, a Ciência nos surpreende e nos surpreende muito! Um projeto pioneiro, realizado por cientistas da University Health Network, no Canadá, conseguiu mudar o tipo sanguíneo e criar um pulmão “universal” para ser transplantado.
Eles converteram pulmões de tipo sanguíneo A em órgãos de tipo sanguíneo O. Em todo processo de transplante, um dos pontos que pode não permitir o recebimento de um órgão é o tipo do sangue dos pacientes. É necessário que haja um “match” entre o doador e o receptor e, diante desse quadro, o projeto buscou resolver a questão e possibilitar a cirurgia.
A iniciativa dos cientistas pode tornar possível a criação de órgãos “universais” para transplantes e isso ajudará a reduzir as listas de espera para as cirurgias.
“Ter órgãos universais significa que podemos eliminar a barreira de correspondência de sangue e priorizar pacientes por urgência médica, salvando mais vidas e desperdiçando menos órgãos”, diz Marcelo Cypel, autor sênior do estudo, em comunicado.
Busca por doadores nem sempre é algo simples
Encontrar um doador de sangue compatível pode não ser uma tarefa muito simples. O nosso sangue possui antígenos nos glóbulos vermelhos. Eles são do tipo A, B, AB e O. Também possuímos anticorpos anti-A ou anti-B no plasma sanguíneo.
Se misturarmos dois antígenos diferentes, eles podem provocar uma resposta imune em nosso corpo. Então, só podemos receber doações sanguíneas e de órgãos de doadores com um tipo sanguíneo que não gere essa reação, ou com o universal.
Por isso, o que os cientistas canadenses fizeram foi realmente incrível!
Projeto desafiador e inovador
Os cientistas analisaram dois conjuntos de pulmões de pacientes do tipo A. Um foi tratado com enzimas intestinais que eliminam antígenos da superfície do órgão e o outro foi usado como controle.
Para realizar o tratamento do pulmão, a equipe utilizou um sistema chamado Ex Vivo Lung Perfusion (EVLP).
Esse sistema bombeia fluidos nutritivos através dos órgãos, permitindo que eles alcancem temperatura corporal antes do transplante.
A equipe testou os pulmões em seguida adicionando sangue tipo O com altas concentrações de anticorpos anti-A, na intenção de simular um transplante incompatível.
Os resultados foram bem positivos e trouxeram muita esperança para que, em breve, consigamos tornar esse avanço acessível para todos os pacientes em filas de transplantes.
“É emocionante ver nossas descobertas sendo traduzidas para a pesquisa clínica”, concluiu Stephen Withers, coautor da pesquisa.
Com informações de Superinteressante