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Cadeirante ajuda a resgatar outras PCDs abandonadas na guerra na Ucrânia
13 de março de 2022
- Rinaldo de Oliveira
A cadeirante Tanya Miroshnikova escapou da guerra e ajuda outros PCDs deixados para trás - foto: arquivo pessoal
A cadeirante Tanya Miroshnikova escapou da guerra e ajuda outros PCDs deixados para trás - foto: arquivo pessoal

A cadeirante Tanya Miroshnikova, que é da Ucrânia, revelou que várias PCDs abandonadas no meio da guerra começam a receber ajuda.

Mais do que denunciar o descaso a Pessoas Com Deficiência, a ucraniana de 31 anos decidiu agir. Ela está usando a ONG “Fight for Right” – focada há anos na defesa dos direitos dos ucranianos com deficiência – para angariar doações e resgatar essas pessoas deixadas para trás. Até esta sexta-feira, 11, o projeto reunia mais de 100 pedidos de ucranianos clamando por ajuda para deixarem o país.

“Desde o começo do conflito, somos deixados para trás. Ninguém tenta melhorar as condições dos abrigos, ninguém tenta nos salvar, nos tirar daqui, nos ajudar de alguma forma”, denunciou Tanya Miroshnikova em entrevista ao G1.

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Abrigos não são acessíveis

Tanya, que desde a infância usa cadeira de rodas, explica que as pessoas com deficiência não consegue escapar da guerra por vários motivos.

Os abrigos antibombas, por exemplo, não costumam ter recursos de acessibilidade, como rampas e avisos em braile. E qualquer tentativa de fuga exige meios de transporte com estrutura adequada e/ou auxílio de motoristas voluntários.

Como Tanya fugiu

A mulher cadeirante conseguiu deixar a zona de guerra, mas revelou que não foi fácil.

“Foi muito difícil. Peguei um trem com a minha mãe, que depende de muletas [para se locomover], enquanto escutávamos o som dos aviões militares acima de nós. Foi a viagem mais longa da minha vida”, afirmou.

Ajudar PCDs

Depois de garantir a própria segurança, agora o foco de Tanya é conseguir que mais cidadãos com dificuldade de mobilidade também consigam fugir.

“A cada dia, fica mais e mais difícil. Pessoas com deficiências mais severas ainda necessitam de atenção médica especial no transporte. Nós, voluntários, estamos tentando levantar fundos e encontrar lugares seguros”, contou.

Casal cego recebe ajuda para fugir

“Cada história de resgate é única”, diz Tanya.

Uma das mais marcantes para ela foi a de um casal de cegos na cidade de Buch, atacada pelas tropas russas. (Foto abaixo)

“A gente tentou por muitos dias encontrar um motorista que pudesse pegá-los, até que finalmente achamos um voluntário que os levou até a estação [de trem].”

No dia da fuga, a piora no estado de saúde

O caso mais difícil, segundo Tanya, foi o de Serhiy e Olga, ucranianos que estavam em Lviv e queriam se mudar para um local seguro. Os dois são cadeirantes e têm condições de saúde muito delicadas.

“Quando finalmente conseguimos um carro para buscá-los, o estado de Serhiy piorou muito. Foi exatamente no dia marcado para o resgate”, relata Tanya.

“Tivemos de esperar mais 48 horas para que a situação se estabilizasse — mas, quando você está na guerra, nunca é possível saber o que acontecerá no dia de amanhã”, relata Tanya.

Depois do sufoco, a fuga deu certo, e o casal chegou à Polônia. “Nosso time conseguiu, depois disso, negociar com uma ONG da Alemanha. Os dois já estão no hospital de lá, recebendo atendimento”, agradeceu.

Casal cadeirante que Tanya ajudou a retirar da zona de guerra na Ucrânia - Foto: arquivo pessoal
Casal cadeirante que Tanya ajudou a retirar da zona de guerra na Ucrânia – Foto: arquivo pessoal
Tanya fugiu de trem junto com sua mãe - Foto: Arquivo pessoal
Tanya fugiu de trem junto com sua mãe – Foto: Arquivo pessoal

Com informações do G1

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