Foi a dependência química que afastou o Jaime de Paula Oliveira, de 55 anos, da família, há aproximadamente 10 anos. Ele viveu nas ruas de Curitiba todos esses anos e agora conseguiu reencontrar a filha e poder matar a saudade de todo esse tempo longe.
Juliane de Paula Oliveira, de 25 anos, também quer recuperar o tempo perdido longe do pai e disse que agora está mais tranquila em tê-lo por perto e poder contribuir para a recuperação dele.
“Eu estou muito feliz em ver em quem ele se transformou, ele é uma outra pessoa, tranquila e muito esforçada”, contou Juliane.
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Vergonha com as drogas
Jaime se afastou da família e foi parar nas ruas por causa das drogas. Nos primeiros cinco anos, ele chegou a fazer poucos contados com a filha, mas depois desapareceu de vez.
“Eu era usuário, vivia sujo e fedido. Não queria que minha filha me visse naquela situação e nem transferir para ela o meu problema”, explicou.
Felizmente, ele se sentiu desconfortável com a situação que vivia e decidiu buscar ajuda. O apoio veio de uma fundação que ajuda pessoas em situação de rua. Lá ele foi acolhido e arrumou emprego por duas vezes, mas acabou retornando para as ruas.
Livre para recomeçar
Somente em 2021 Jaime conseguiu “se livrar” da dependência química e, finalmente, foi ajudado pela fundação.
Na fundação, ele fez cursos profissionalizantes e se preparou para poder trabalhar e reencontrar a filha.
Também em 2021 veio o primeiro telefonema para Juliane, que passou a visitar o pai com frequência na unidade de acolhimento e procurava conversar com a equipe para acompanhar o processo.
“Eu nunca quis mudar o número do meu telefone porque sabia que era o único meio que meu pai tinha de me encontrar. Eu sabia que um dia ele podia me ligar”, contou.
Superação
Para Juliane, o pai tem o maior mérito pela nova vida que conquistou. “Quando a pessoa não quer, não adianta. Há muito tempo tentamos fazer com que ele melhorasse, até internado ele foi, mas logo saia”, contou.
O trabalho, segundo ela, foi a alavanca que ele precisava para a virada de chave. “Ele viu que com o trabalho ele podia ter uma casa, ter as próprias coisas.”
“Única pessoa na minha vida”
Ter a filha por perto foi o que motivou Jaime a sair das ruas. “Ela sempre foi meu foco e hoje é minha alegria. Como não tenho pai e mãe, ela é a única pessoa na minha vida”, contou.
Jaime comemora cada momento com a filha. “Ela vem na minha casa, nós saímos almoçar. Já avisei que daqui pra frente eu serei um carrapato”, brincou.
“Era muito difícil saber que você tem tudo, mas seu pai está na rua. E muito triste não ter contato, não poder ligar e nem veê-lo em datas especiais, como o Dia dos Pais”, disse a jovem.
Passada a fase ruim, Jaime agradeceu: “Deus foi muito bacana comigo, me abriu várias portas. Eu sai da rua, reencontrei minha filhotinha, além de ter arrumado um emprego e alugado uma quitinete. Estou, com certeza, no paraíso”, concluiu o pai.
Com informações de Ric Mais