Hoje teremos o último debate entre os presenciáveis neste primeiro turno das eleições 2022. É a chance de todos os indecisos definirem quem é o candidato ideal para votar no próximo domingo. E os líderes de pesquisa, Bolsonaro e Lula, já confirmaram presença no programa, que certamente será acalorado.
E para ajudar os eleitores que ainda estão na dúvida, especialistas adiantaram o que poderemos esperar dos candidatos neste debate da Globo.
Eles acreditam que o programa será tenso. Terá ataques pesados, respostas à altura e muitas tentativas de desqualificar os opositores. Chegam a arriscar que será um “debate violento”, Veja o que eles dizem!
Conquista de eleitores
A expectativa é de que Lula vá adotar, de início, um tom moderado para atrair indecisos e eleitores de voto “não cristalizado”, com foco no “voto útil” para liquidar a disputa no primeiro turno.
Mas Lula também vai preparado para o confronto. E não deve deixar de responder de maneira contundente prováveis críticas sobre a corrupção nos governos do PT. Este foi o principal problema identificado pela assessoria do candidato durante o primeiro debate do qual participou, na Band TV.
Já Bolsonaro, que está em segundo lugar nas pesquisas, vai para o tudo ou nada. Ele deverá partir para o ataque, numa ofensiva contra o ex-presidente Lula, justamente sobre as denúncias que levaram o petista à cadeia e repetir que ele não foi inocentado e sim, que o processo foi anulado pela justiça
‘Paz e amor’ até a página cinco
Para Humberto Dantas, doutor em Ciência Política pela USP e pesquisador da FAPEG, a liderança nas pesquisas e a possibilidade de vitória já no primeiro turno farão com que Lula adote uma lógica “paz e amor” no debate.
O doutor acredita que o candidato está buscando atrair o eleitor mediano que vota em Ciro Gomes e Simone Tebet, mas que está aberto a mudar de ideia.
Não é de se esperar, no entanto, que o petista vá seguir a mesma passividade que apresentou no primeiro debate eleitoral, exibido pela TV Bandeirantes, em 28 de agosto.
“Lula irá com um sorriso no rosto, mas será incisivo quando provocado. Se Bolsonaro chamá-lo de ‘presidiário’, o ex-presidente vai devolver a pancada e falar sobre a corrupção no atual governo”, diz Humberto.
Debate ‘violento’
Apesar de Humberto defender o tom de voz mais pacífico de Lula, ele acredita que este será o debate mais ‘violento’ deste primeiro turno. Outros especialistas concordam.
Os concorrentes estão diante do “tudo ou nada”, com o fim do horário eleitoral gratuito (também nesta quinta) e as últimas atividades de campanha.
Na propaganda no rádio e na TV, o horário eleitoral já demonstra o aumento da agressividade e troca de acusações no lugar de apresentação de propostas.
“Sempre que o presidente puder, ele vai se referir à prisão de Lula e as denúncias contra o PT. Ele tentará mobilizar o sentimento antipetista que o elegeu em 2018″, afirma Glauco Peres da Silva, professor associado do departamento de Ciência Política da USP.
Para o professor, Bolsonaro “necessita” da raiva das pessoas contra o petismo para se eleger. “É o campo de possibilidades que ele tem”, diz.
“O grande problema de Bolsonaro é que ele não sabe ser irônico, jocoso ou malandro. Quando ele vai ao ataque, ele vai com violência. Logo, ele corre o risco de se descontrolar e explodir”, afirma Humberto.
Posicionamento de outros candidatos
Outro obstáculo que Lula e Bolsonaro devem encontrar, vem dos presidenciáveis com menor intenção de voto.
Eles querem afetar a disputa, se projetando como vozes independentes do próximo governo, seja qual for.
“Ciro Gomes e Simone Tebet devem buscar uma votação honrosa, se colocando como uma alternativa política viável para o pós-eleição”, diz Glauco.
Além dos prováveis ataques que sofrerá do pedetista, Lula também deve ficar atento às falas de Padre Kelmon.
No último debate, organizado pelo Estadão e Rádio Eldorado em parceria com o SBT e um pool de veículos, o petista se recusou a participar, e o candidato do PTB defendeu repetidamente o atual governo, atuando em parceria com Bolsonaro. É bem provável que ele faça o mesmo na Globo contra Lula
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Mulheres de olho!
Aproximadamente 52% da população brasileira são k mulheres, o que é considerado um eleitorado muito importante para Bolsonaro e Lula.
Bolsonaro encontra uma maior resistência neste sentido, já que falas anteriores, consideradas machistas, são utilizadas em campanha.
Bolsonaro também tem sido bastante atacado nos debates por Soraya Thronicke e Simone Tebet.
“Elas devem eleger o presidente como alvo principal. E, caso ele caia na armadilha de agredi-las verbalmente, isso dificultará ainda mais sua relação com o eleitorado feminino”, afirma Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Apesar da importância do evento, o cientista político Humberto Dantas não acredita que o debate vá provocar muitas mudanças na votação de domingo.
“O eleitor já está muito consolidado em torno desses dois nomes. Por mais que seja o debate mais esperado, a rejeição de Bolsonaro não vai deixar de existir por causa de um único encontro.”
Ele entende que, se Lula for cuidadoso e nenhum dos outros presidenciáveis for brilhante no debate, há uma chance razoável de que o petista ganhe a eleição já no primeiro turno.
Não perca o debate da Globo!
O debate será nos Estúdios Globo no Rio de Janeiro e será transmitido ao vivo pela TV Globo, GloboNews e o site g1. Vai começar às 22h30, logo após a exibição da novela “Pantanal”.
Ao todo, serão quatro blocos – o primeiro e o terceiro contarão com perguntas de tema livre, enquanto o segundo e o quarto terão perguntas com assuntos preestabelecidos. Ao final do quarto bloco, os candidatos farão suas considerações finais.
Além de Bolsonaro e Lula, estarão no debate da Globo, Ciro Gomes (PDT) Padre Kelmon (PTB), Felipe D’Ávila (Novo), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União).
De acordo com a emissora, o debate será longo e pode entrar pela madrugada. A previsão é de que deverá terminar por volta da 1h40 desta sexta-feira (30/9).
Com informações de Estadão