No Dia dos Professores, fazemos uma homenagem a todos esses mestres das nossas vidas contando a história inspiradora da professora Luana Andrade, que cresceu na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, a segunda maior do estado. A mãe dela só sabe escrever o próprio nome e o pai estudou até o 4º ano do ensino fundamental. Mas os dois incentivaram muito a filha a estudar para que tivesse um futuro melhor. E deu certo!
Hoje, formada em Licenciatura, ela leva esse “futuro melhor” adiante e transforma a vida de adolescentes da comunidade com seu jeito próprio de ensinar. Luana incentiva os jovens a lerem um livro por mês, onde reconhecem a própria história e se apaixonam pela leitura.
“Os jovens têm uma agilidade de pensar que me energiza. Gosto de ver o prazer que eles têm a cada descoberta”, contou a professora ao SóNotíciaBoa.
Mais que educação
Ela diz que o incentivo à leitura não apenas promove a educação, mas a liberdade de pensamento, o empoderamento e tantas outras transformações comportamentais.
Com mais de 100 mil habitantes a região em que Luana cresceu é símbolo do que acontece em outras comunidades carentes do Brasil.
E neste Dia dos Professores, 15 de outubro, nada melhor do que exaltar esses profissionais que ganham pouco e entregaram tanto para impulsionar a vida das nossas crianças.
Leitura que transforma
Filha de uma paraibana com um carioca, Luana não cresceu rodeada de livros. Em casa, “só a bíblia”, segundo a educadora.
A mãe não se alfabetizou e sabe escrever apenas o próprio nome. Já o pai, chegou até o 4º ano. Com isso, Luana aprendeu a ler mais tarde que a média.
Só aos 9 anos ela começou a entender as palavras escritas. Mas com incentivo dos pais, seguiu os estudos e se apaixonou pela área da educação.
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Professora com orgulho
Luana entrou na faculdade por meio de uma bolsa acadêmica da ONG Casa da Amizade. Ela se formou em Pedagogia pelo Instituto Singularidades.
Foi com a bagagem que adquiriu durante o curso, que a educadora começou, há quase dez anos, a ensinar jovens de Paraisópolis a ter afinidade com a leitura através do programa Pró Jovens.
Com propósito de educação humanizada, o programa é voltado para o potencial da juventude e sua relação com a comunidade em que se insere.
As aulas trabalham o projeto de vida de jovens de 15 a 19 anos, além de formá-los como mediadores de leitura e brincadeira para crianças.
O poder da leitura
Na dinâmica das aulas, os jovens leem 1 livro por mês. Luana diz que os livros que os jovens “devoram” são aqueles que trazem uma história que se aproxima da realidade de onde vivem.
Entre os favoritos, Estação Carandiru de Dráuzio Varela, Por Que Não Dancei de Esmeralda Ortiz, A Vida na Porta da Geladeira de Alice Kuipers (esse, os jovens leram em quatro dias).
Segundo Luana, eles chegam ao projeto tímidos, calados e com pouco interesse, mas com o tempo, se abrem e descobrem um universo de histórias e possibilidades nos livros. Com mais conhecimento, eles se apropriam das suas origens e trajetórias.
Batalhas Slam
Em um dos módulos do programa, os estudantes são convidados a ler uma autobiografia famosa para aprenderem a escrever a sua própria. O livro da vez é a história do Tim Maia.
Aos poucos, adolescentes que têm dificuldade para ler, falar e se expressar, passam se sentir confortáveis para expor suas ideias de forma potente, como por exemplo, por meio da escrita de poesias e o Slam – competição de poesia falada criada nos Estados Unidos por Marc Smith.
No espaço em que acontecem as atividades do Pró-Saber SP já ocorram duas Batalhas Slam, momentos que evidenciam o quanto as palavras saíram dos livros e alcançaram a vida de cada um dos jovens.
Em nome da Luana Andrade, deixamos aqui nossos aplausos de pé para todos os professores!