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Brasileiro é o 1º a receber prêmio internacional por inovar a fertilização animal
9 de janeiro de 2023
- Renata Dias
O professor brasileiro Enoch Borges de Oliveira Filho, recebe homenagem da Sociedade Internacional de Tecnologia de Embriões - Foto: reprodução / Jornal da Unesp
O professor brasileiro Enoch Borges de Oliveira Filho, recebe homenagem da Sociedade Internacional de Tecnologia de Embriões - Foto: reprodução / Jornal da Unesp

Pela primeira vez, um cientista brasileiro será homenageado por suas pesquisas com fertilização (FIV) em vacas para melhorar a qualidade do rebanho nacional! Enoch Borges de Oliveira Filho, professor de veterinária aposentado da Unesp (Universidade Estadual Paulista), receberá o prêmio Pioneer Award, concedido pela International Embryo Technology Society (IETS), o equivalente ao Nobel na área.

“Estou com 78 anos de idade e aposentado da Unesp já há 26 anos, por isso a notícia desta homenagem foi completamente inesperada”, disse o professor, que receberá o prêmio na  cerimônia, entre os dias 16 e 19 de janeiro, em Lima, no Peru.

A IETS é uma entidade internacional que reúne pesquisadores e profissionais ligados à embriologia e reprodução animal.

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O prêmio é concedido anualmente como forma de reconhecer indivíduos que fizeram contribuições seminais ao desenvolvimento da área e esta é a primeira vez que ele será concedido a um brasileiro.

Qualidade do rebanho

Para o pesquisador, a técnica desenvolvida por ele em parceria com sua equipe, baseada na Fertilização in Vitro (FIV) é um dos fatores que colaboram para o contínuo melhoramento genético do rebanho brasileiro, seja para corte ou produção do leite.

Atualmente, a FIV é uma tecnologia difundida nacionalmente e cada vez mais acessível, com o surgimento de empresas especializadas e com o estabelecimento de um mercado em pleno crescimento.

“Fico feliz por ter sido escolhido entre tantos pesquisadores da Europa e dos Estados Unidos e compartilho a homenagem com meus colegas brasileiros que estão na batalha”, disse o professor aposentado.

Em seguida, o pesquisador disse: “Não temos um Prêmio Nobel para a área, mas é como se este prêmio fosse um Nobel. Ele mostra que é possível fazer as coisas bem feitas no Brasil sem pensar necessariamente no dinheiro”.

Técnica premiada

No laboratório do câmpus de Jaboticabal, no início dos anos 1990, o pesquisador adaptou para o contexto brasileiro a biotécnica da fertilização in vitro (FIV), desenvolvida na Europa.

Segundo o mais recente relatório produzido pela International Embryo Technology Society, no ano de 2013 o Brasil produziu mais de 366 mil embriões bovinos a partir da técnica de FIV – representa mais de 70% dos procedimentos no mundo.

As pesquisas mostram que as principais vantagens do uso da fertilização in vitro estão a possibilidade de acelerar a produção de bezerros com características genéticas superiores, possibilitando melhorar a qualidade do rebanho num tempo inferior ao chamado processo de monta natural.

Os cientistas coletam os oócitos (células sexuais femininas) das fêmeas previamente selecionadas, o material é mantido em laboratório até chegar ao ponto de maturação, quando então é colocado em um meio propício para fecundação por espermatozoides de machos também selecionados.

Particularidades

“Nosso rebanho apresenta diferenças em relação aos de países da Europa ou mesmo dos Estados Unidos. Ele é composto principalmente pelo zebu, um tipo de gado que é oriundo da Índia e que, por ser mais resistente ao calor, se adaptou muito melhor ao Brasil que os animais de clima temperado”, disse o pesquisador.

Segundo o professor, a natureza desses animais “é muito delicada, ainda mais quando se fala especificamente na fertilização do processo de fecundação”.

Mesmo fazendo uso dos mesmos equipamentos e das mesmas técnicas aprendidas e empregadas na Europa, Oliveira Filho passou um ano sem conseguir repetir, no Brasil, os resultados obtidos no pós-doutorado.

Para produzir o primeiro animal a partir da FIV, foi necessário um esforço coletivo de pesquisadores de diferentes partes do mundo. No início dos anos 1990, o pesquisador organizou um simpósio internacional sobre reprodução animal em Jaboticabal em que reuniu os principais pesquisadores da área de embriologia que conheceu no exterior e que também trabalhavam com a técnica.

Após o evento, alguns participantes permaneceram na cidade para um “intensivo” de experimentos em que buscaram decifrar os desafios para aplicar, de forma eficiente, a técnica no gado zebu.

Dedicação

O esforço coletivo rendeu, em 1993, nasceram os primeiros bezerros frutos da FIV no Brasil.

“Aqueles foram dias de uma troca de informações preciosíssima. O simpósio deu origem a um livro que dirigiu a ciência brasileira na área de reprodução animal por anos”, disse o pesquisador, referindo-se ao livro Manipulating the Mammalian Embryo, de 1990, que foi editado pela própria FCAV, de Jaboticabal.

De acordo com Oliveira Filho, desde o nascimento dos primeiros bezerros, em 1993, outras instituições e pesquisadores se debruçaram a fim de aprimorar a técnica e melhorar os resultados.

Segundo o professor,  novos profissionais se especializaram na FIV, ampliando a mão de obra disponível no campo.

Biografia

O pesquisador ingressou, em 1981, como professor na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal (FCAV), no câmpus de Jaboticabal, onde permaneceu até o fim da carreira.

“Na minha trajetória desenvolvi um trabalho que foi muito bem recebido no exterior e fico feliz de ter esse reconhecimento na área de tecnologia de embriões”, contou.

Oliveira Filho, ao longo da sua vida, buscou desenvolver s técnicas inovadoras de reprodução animal que até hoje impactam positivamente a indústria.

Com informações da Unesp 

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