Respeito é uma palavra que pode acabar com metade dos problemas do mundo. E uma reparação histórica está a caminho em favor das religiões de matriz africana.
O governo federal vai atuar em parceria com a Defensoria Pública da União (DPU) e o Museu da República (do Rio de Janeiro) para investigar inquéritos policiais sobre apreensão de bens religiosos afro-brasileiros em terreiros de candomblé e umbanda no Rio de Janeiro, entre 1890 e 1946.
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, assinou um Acordo de Cooperação Técnica com os dois órgãos. “Só posso agradecer aos meus ancestrais que lutaram para que esse acontecimento fosse possível na medida em que eles também sofreram profundamente e foram vitimados por toda essa violência que agora se transforma em um símbolo de resistência”, disse o ministro.
Perspectivas
O acordo dá perspectivas de uma reparação histórica e de combate ao preconceito contra as religiões de matriz africana.
A pesquisa se concentra na coleção “Nosso Sagrado”, formada por 519 objetos, em exibição desde 2020 no Museu da República, no RJ, e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Para a secretária-executiva do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Rita Oliveira, esta parceria é fundamental para a sociedade brasileira.
“Combina o debate de temas sensíveis com a obtenção de dados e informações para formulação e prática de políticas públicas, além da construção de memórias das religiões de matriz africana”, disse.
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Reações positivas
“Estou muito feliz pelo nosso trabalho ter sido reconhecido, pelo nosso sagrado estar sendo sagrado. Quero agradecer a todos os orixás por essa vitória. É apenas o primeiro passo”, disse a ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum, em nome dos líderes religiosos e seguidores.
O presidente do Museu da República, Mário Chagas, afirmou que a ação é uma forma de reparação pelas perseguições sofridas pelas religiões de matriz africana.
“É crime cultuar os orixás? Claro que não. Mas, por cultuar o sagrado, o povo de santo foi perseguido. Hoje estamos aqui para avançar nas práticas concretas de reparação”, salientou.
O defensor público-geral federal, Fernando Mauro Barbosa, afirmou que o acordo servirá para elaborar dossiês e contribuir para o combate ao racismo religioso.
“A DPU atua na defesa de quaisquer pessoas e grupos que sofrem qualquer tipo de perseguição ou intolerância religiosa”, ressaltou.
Com informações do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania