O Rei Charles III autorizou que pesquisadores independentes busquem laços da Monarquia Britânica com o tráfico de escravos ao longo de sua história. A mudança de postura do Palácio Buckingham marca a primeira vez que a coroa apoia investigações sobre o seu passado escravocrata.
Camila de Koning, uma doutora em História na Universidade de Manchester, no Reino Unido, coordenará os estudos sobre o envolvimento da família com o tráfico e comércio de escravos.
Sem alarde, as pesquisas começaram há quase seis meses, foram divulgadas agora. Elas são financiadas pela Historic Royal Palaces, uma organização que administra várias propriedades da monarquia em Londres e na Irlanda do Norte.
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A declaração
A confirmação do Palácio de Buckingham só ocorreu após o jornal britânico The Guardian entrar em contato com a Coroa e questionar sobre o passado escravocrata da Monarquia, que obteve muitos benefícios com o comércio de escravos inclusive favorecendo reis e rainhas.
O jornal publicou um documento inédito que mostra uma transferência de ações da Royal African Company, em 1689, para o rei Guilherme III, de Edward Colston, o vice-governador da empresa.
O palácio não mencionou o documento em si, somente informou que apoia o projeto de pesquisa de Camila Koning.
“Não consigo descrever a profundidade de minha tristeza pessoal pelo sofrimento de tantos, à medida que continuo a aprofundar minha própria compreensão do impacto duradouro da escravidão”, disse um porta-voz da coroa.
O porta-voz da Coroa informou que o processo de investigação sobre as relações da Monarquia Britânica com o tráfico de escravos vai continuar ao longo de todo reinado de Charles III.
Milhares de documentos
Os pesquisadores ainda vão ter acesso a milhares de documentos, coleções e arquivos reais que ficam guardados a sete chaves. Segundo o porta-voz, isso é necessário, uma vez que se trata de questões complexas em relação a um passado bastante nebuloso da família real.
O tema escravidão é um tema muito delicado para a família real, que reluta há muito tempo em aceitar sua associação com o comércio de escravos nos séculos XVII e XVII. No entanto, essa versão é refutada por diversos historiadores, que afirmam que a Monarquia Britânica foi beneficiária do tráfico de milhões de pessoas da África para o Caribe e a América do Norte.
“O documento [revelado pelo The Guardian] oferece evidências claras do envolvimento central da monarquia britânica na expansão do comércio de escravos e da enorme importância do apoio da coroa às viagens escravistas para a África”, afirmou o historiador Brooke Newman, responsável por revelar o documento.
Preconceito
A realeza britânica foi alvo de críticas pelo suposto tratamento dispensado à Meghan Markle, casada com o Príncipe Harry. Segundo a ex-atriz, que é preta, membros da família real estavam preocupados com a cor de pele de seu filho primogênito.
Em entrevista para o Programa da Oprah em 2021, Meghan e Harry assumiram que a mulher sofreu inúmeros situações de racismo por parte da família real.
Com informações de NyPost.