Um estudo científico desfaz a crença que viver com cães e gatos provoca alergia nas crianças. A pesquisa mostra que recém-nascidos que convivem desde o ventre com pets podem ser menos propensos a estes problemas.
Pesquisadores japoneses descobriram, por exemplo, que ter um cão reduz o risco de alergia a ovo, leite e nozes, enquanto ter um gato diminui o risco de alergia a ovo, trigo e soja. A exposição a pets durante o desenvolvimento fetal ou nos primeiros meses de vida reduziu as chances de uma alergia alimentar posterior em 14%.
Em 90% das análises do estudo de revisão, nenhum dos bebês que viviam com pelo menos dois cachorros desenvolveu alergia alimentar. Os pesquisadores analisaram mais de 65.000 bebês e seus os pais, mas o estudo divide opiniões entre os especialistas. Alguns concordam com as análises, outros defendem que é necessário avançar nos estudos. Mas, inicialmente, comemoram os primeiros resultados.
Estudo
O novo estudo, publicado na revista de acesso aberto PLoS ONE, foi coordenado por Hisao Okabe, do departamento de pediatria da Fukushima Medical University, no Japão.
Foram analisados dados para o Japan Environment and Children’s Study, um estudo nacional de todas as gestações entre janeiro de 2011 e março de 2014.
As informações foram obtidas de registros médicos e questionários autoaplicáveis. Os pesquisadores examinaram o risco das crianças de desenvolver alergias alimentares até os 3 anos de idade.
Estudo fora do Japão
O autor sênior desse estudo, Tom Marrs, diretor da Allergy Academy no King’s College London, disse que, embora apenas cerca de 7% das crianças no Reino Unido tenham uma alergia alimentar confirmada por testes, até um quarto dos pais, no entanto, diz que seus filhos têm essa alergia.
O estudo fora do Japão teria se beneficiado ao testar diretamente as crianças com problemas alimentares, disse ele.
Outra limitação do estudo, disse Marrs, é que ele não pode provar que os próprios animais de estimação, e não algo sobre seus donos, são a verdadeira causa das chances reduzidas de alergias alimentares.
“Famílias com um forte histórico familiar de alergia provavelmente terão pais com alergia a pêlos de animais”, disse Marrs.
Para Marrs, a única maneira de provar que ter um animal de estimação reduz o risco de alergias alimentares é com um estudo randomizado controlado, no qual as grávidas concordam em ser designadas aleatoriamente para ter um animal de estimação ou não. Mas, seria difícil encontrar pessoas dispostas a participar de tal estudo, segundo ele.
Alergistas
O que dizem pediatras especializados no tratamento de alergias?
“A descoberta de que a exposição a cães e gatos está relacionada a menos alergia alimentar parece bastante sólida e concorda com vários estudos anteriores”, disse James Gern, professor e chefe da Divisão de Alergia, Imunologia e Reumatologia da Universidade de Wisconsin em Madison, nos Estados Unidos.
Em 2004, James Gern publicou um artigo em que mostra que a convivência com cães reduz o risco de todos os tipos de alergias.
“Além da alergia alimentar, outros estudos encontraram taxas mais baixas de dermatite atópica, doenças respiratórias, alergias respiratórias, asma e aumento do bem-estar psicológico.”
Leia mais notícias boas
- Alergia a cães? Pesquisadores do Japão descobrem chave para a cura
- Cadelinha magoada ignora dono e viraliza na internet. Assista o vídeo!
- Dia do Gato: histórias emocionantes de adoção, amor e carinho transformam vidas
Há controvérsias
Para a professora de pediatria no Jaffe Food Allergy Institute na Icahn School of Medicine em Mount Sinai, em Nova York, nos Estados Unidos, Amanda Cox o estudo não é definitivo e ainda gera dúvidas.
Segundo a professora, a angústia dos pais é frequente e quando questionada se os animais de estimação aumentam ou diminuem o risco de seus filhos desenvolverem alergias, responde de maneira aberta.
“Eu definitivamente diria que tem sido uma área obscura, mas este estudo parece bastante convincente”, disse a professora, que demonstra acreditar nos resultados da pesquisa do Japão.
Com informações do Washington Post e Science Daily