Quebrando tabus, pesquisadores descobriram que uma planta psicodélica africana também trata dependência química e depressão. Em doses baixas, a ibogaína, pelos testes iniciais, foi capaz de atenuar sintomas de ambas as doenças em camundongos. O estudo entra agora em nova fase de experiências para, no futuro, ser colocado à prova com humanos.
Só a depressão atinge cerca de 300 milhões de adultos, jovens e até crianças no mundo, enquanto a dependência química, que causa transtornos de ordem mental, afeta aproximadamente 35 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial de Saúde.
A descoberta do possível potencial da planta psicodélica para combater a dependência e a depressão veio de pesquisas de um grupo de cientistas da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF), nos Estados Unidos.
Efeitos no tratamento
Nos Estados Unidos, as vendas de analgésicos opiáceos estão extremamente altas, triplicado desde 1990. Esse dado eleva a importância do estudo para a população norte-americana, podendo sanar um problema de saúde pública!
Os pesquisadores usaram como base um estudo que identificou os impactos da ibogaína no transportador de serotonina.
A ibogaína é proibida nos EUA e pode causar efeitos colaterais, mas os cientistas conseguiram desenvolver algo diferente usando os mesmos princípios.
“Nossos compostos imitam apenas um dos muitos efeitos farmacológicos da ibogaína e ainda replicam seus efeitos mais desejáveis no comportamento, pelo menos em camundongos”, afirmou o principal autor do estudo, Brian Shoichet.
Primeiros resultados
Como resultado, os cientistas descobriram que em ensaios comportamentais em camundongos, ambos os compostos tiveram uma atividade ansiolítica e antidepressiva com uma potência de até 200 vezes melhor do que a fluoxetina.
Ao analisar 200 milhões de estruturas moleculares para encontrar aquelas que bloqueiam o transportador de serotonina (SERT), os pesquisadores conseguiram chegar ao resultado esperado.
O número foi sendo reduzido até os cientistas chegarem em 13 moléculas que inibiam o SERT.
Dessas 13, as duas que se saíram melhor em bloquear o SERT foram testadas em roedores e os resultados apontaram redução significativa em sintomas de dependência e ansiedade.
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Cura milenar
Encontrada nas raízes milenar da planta iboga, a ibogaína é usada há muitos anos em rituais xamânicos.
A droga nunca teve ampla aceitação e acabou se tornando ilegal em diversos países.
Apesar de fazer mal para alguns aspectos da biologia humana, quando a dose é reduzida em 200 vezes, os benefícios podem ser positivos.
Brian agora submeteu as estruturas estudadas nas duas novas moléculas a uma empresa de fabricação de produtos químicos. Com isso, o pesquisador que mais cientistas podem ter contato com os remédios a base de planta africana psicodélica.
Brian disse ainda que a busca por novas moléculas que podem ajudar no tratamento contra a ansiedade e a dependência química vai continuar.
Com informações da Universidade Da Califórnia em São Francisco.