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Autista que faz medicina cria projeto de inclusão aprovado pelos deputados de SP; Veja
18 de agosto de 2023
- Vitor Guerras
Arthur é o jovem autista que idealizou um projeto de inclusão que foi aprovado pelos deputados de SP. Foto: Reprodução/Tribuna de Jundiaí.
Arthur é o jovem autista que idealizou um projeto de inclusão que foi aprovado pelos deputados de SP. Foto: Reprodução/Tribuna de Jundiaí.

Estudante de Medicina e autista, um garoto de 19 anos criou um projeto de inclusão que foi aprovado pelos deputados na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Ales) e agora aguarda a sanção do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Arthur Ataide Ferreira Garcia é morador de Praia Grande e cursa o segundo ano na Universidade Metropolitana de Santos (Unimes). Com a ajuda do pai, o garoto idealizou o Protocolo Individualizado de Avaliação (PIA), pensado para garantir a permanência de alunos com Transtornos Globais do Desenvolvimento, incluindo o TEA, nas instituições de ensino.

“O projeto foi idealizado por mim e, junto com meu pai, Marcelo Ataide Garcia, foi redigido com os termos jurídicos. A equipe da Solange (UNIÃO) também participou desse projeto e nos deu todo o suporte”, explicou o garoto.

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Inspiração

A inspiração veio da própria história e adversidades que Arthur, ao longo dos estudos, enfrentou.

“Ele surgiu de uma necessidade que muitas pessoas autista têm, que é a da acessibilidade pedagógica. Eu tive essa ideia para garantir que nenhum outro estudante autista venha sofrer o que eu sofri durante a maior parte da minha vida, porque, desde pequeno, eu tive que lutar para garantir o direito ao básico”, lembrou o estudante.

Assim como Arthur, que é autista nível de suporte 1, o rapaz tem um irmão mais novo, autista nível de suporte 2.

“Muitas das nossas necessidades eram negadas se a gente não brigasse ou reivindicasse, por conta de uma falta de acessibilidade que é muito difícil de conseguir”, explicou.

Entre as dificuldades levantadas pelo estudante, está até mesmo uma prova dissertativa na escola.

“Seja por uma questão motora ou de planejamento. Ela pode fazer de forma oral, por exemplo, o mesmo conteúdo sem perder a qualidade da avaliação. Ele vai estar sendo analisado de uma forma que avalia melhor as suas habilidades”, relatou Arthur.

PIA

O PIA, com o apoio da deputada Solange Freitas, está bem próximo de virar oficial. Aprovada na Alesp no último dia 8, a Lei 551°/2023, agora está na última fase.

Uma vez aprovada, alunos com transtornos globais do desenvolvimentos, matriculados no ensino fundamental I, fundamental II, médio, superior, técnico, tecnológico e profissionalizantes em instituições de ensino de todo o Estado de São Paulo, terão direito às medidas do PIA.
Entre elas estão a adequação de tarefas, avaliações e provas, visando a acessibilidade a estudantes autistas e de deficiência intelectual. O protocolo fica válido durante todo o curso, proporcionando ao aluno uma experiência adequada às suas necessidades.

A simplificação ou fragmentação das atividades para facilitar a compreensão e bom desempenho dos alunos. A regulamentação da lei vai acontecer no prazo de 60 dias contados a partir da vigência.

No dia da aprovação, Arthur gravou um vídeo muito emocionado.

“Fala pessoal, eu estou muito empolgado em contar para vocês que o projeto de lei que eu idealizei, o PIA, foi finalmente aprovado em votação. Agora a gente só depende da sanção do governador para garantir que todos os alunos autista e neurodivergentes do estado de São Paulo tenham direito a autonomia na hora de escolher como suas provas serão realizadas”, comemorou.

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Preconceito

Com o PIA, Arthur espera que nenhum aluno passe pelo o que ele passou.

Diagnosticado aos 9 anos com autismos, o garoto chegou a ter professoras que o ridicularizam. “Quando eu comentava que eu precisava fazer uma prova diferente dos meus colegas, diziam que se eu não conseguia fazer a mesma prova que eles, não ia nem chegar ao ensino médio”, lamentou o rapaz.

O autista, que teve o projeto de inclusão aprovado no último dia 8 por deputados de São Paulo, comentou ainda que na faculdade as coisas são diferentes. Lá, Arthur tem todo o suporte para realizar os estudos, mas entende que nem todas as instituições são assim.

“A gente depende muito de estar em um lugar em que a inclusão seja valorizada. Não podemos depender da sorte de estar em um lugar onde as diferenças são valorizadas”, explicou.

Veja o vídeo em que Arthur comemora a aprovação do PL!

Além de estudante, Arthur também roda o Brasil palestrando sobre a importância da conscientização de educadores para lidar com alunos autistas. Foto: Reprodução/Arthur Ataide/Linkedin.
Além de estudante, Arthur também roda o Brasil palestrando sobre a importância da conscientização de educadores para lidar com alunos autistas. Foto: Reprodução/Arthur Ataide/Linkedin.

 

O sonho de cursar medicina veio depois de se frustrar com péssimos atendimentos que teve ao longo da vida, principalmente em relação às suas necessidades. Foto: Reprodução/Arquivo pessoal.
O sonho de cursar medicina veio depois de se frustrar com péssimos atendimentos que teve ao longo da vida, principalmente em relação às suas necessidades. Foto: Reprodução/Arquivo pessoal.

Com informações de A Tribuna.

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