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Transplante de rins de porco para homem dá certo com nova técnica
20 de agosto de 2023
- Vitor Guerras
Já é o quinto transplante da equipe usando rins de porco em um homem. Foto: Reprodução/Joe Carrotta (NYUU).
Já é o quinto transplante da equipe usando rins de porco em um homem. Foto: Reprodução/Joe Carrotta (NYUU).

Um transplante de rins de porco para um homem usando uma nova técnica, mantém o órgão funcionando por mais de 30 dias. Ao bloquear o gene que codifica a biomolécula responsável pela rejeição imediata, os pesquisadores conseguiram atingir o período mais longo de um rim de porco funcionando em humanos.

Os responsáveis foram os especialistas da New York University (NYU), que já haviam realizado outros transplantes. Além disso, o time incorporou a glândula do porco responsável por educar o sistema imunológico, no órgão do transplantado, evitando novas respostas imunes. O paciente, que foi declarado morto por critérios neurológicos, tem o coração batendo com suporte de ventilador.

“Não há órgãos suficientes disponíveis para todos que precisam de um. Muitas pessoas estão morrendo por causa de falta de órgãos disponíveis, e eu, enfaticamente acredito que o xenotransplante é uma maneira viável de mudar isso”, disse Robert Montgomery, professor de Cirurgia e coordenador do estudo.

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Modificação genética

O xenotransplante é o procedimento que envolve transplante, infusão, ou implantação de órgãos entre diferentes espécies. A técnica, muito estudada no mundo todo, é a esperança para zerar filas de transplante no mundo todo.

No Departamento de Cirurgia da NYU, a medida foi usada sem medicamentos ou dispositivos experimentais, apenas com uma simples modificação genética.

Para garantir que a função renal do corpo fosse sustentada pelo rim do porco, os rins nativos foram removidos.

A chamada rejeição imediata é um dos maiores desafios dessa técnica de transplante, mas ao bloquear os anticorpos do órgão do animal, Robert e sua equipe tiveram sucesso em todos os outros cinco procedimentos similares que já foram feitos na NYU.

Com isso, combinando modificações para evitar a rejeição, foi possível preservar a função renal e atingir um recorde histórico de mais de 30 dias.

Resultados

O transplante de rins de porco para o homem teve resultados imediatos.

No momento em que o corpo do humano recebeu o órgão, imediatamente começou a produzir urina, sem qualquer sinal de rejeição hiperaguda.

A fase de observação também foi positiva, com a equipe monitorando todo o desempenho e fazendo biópsias semanais.

Os níveis de creatinina, um resíduo indicador da função renal que pode ser encontrado no sangue, estavam na faixa ideal, com a biópsia não mostrando problemas.

“Agora reunimos mais evidências para mostrar que, pelo menos nos rins, apenas a eliminação do gene de desencadear uma rejeição hiperaguda pode ser suficiente, juntamente com medicamentos imunossupressores clinicamente aprovados, para gerenciar com sucesso o transplante em um humano para um desempenho ideal – potencial a longo prazo”, explicou Robert.

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Fonte de órgãos

No Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (Abto), a lista ativa de pacientes, entre adultos e crianças, esperando por um novo órgão ultrapassou os 50 mil.

O número representa um crescimento de 30,45% desde o início da pandemia de covid-19.

Para Robert, o xenotransplante é uma possível fonte de órgãos para acabar com esse problema. O próprio doutor, em 2018, recebeu um transplante de coração.

Agora, a equipe continuará monitorando o paciente por mais de um mês, com a permissão da família e a aprovação do comitê de ética da United Therapeutics.

“Sabemos que isso tem o potencial de salvar milhares de vidas, mas queremos garantir a máxima segurança e cuidado à medida que avançamos”, disse o pesquisador.

Logo após o transplante, os rins de porco começaram a produzir urina e não mostraram nenhum sinal de rejeição. Foto: Reprodução/Joe Carrotta (NYU).
Logo após o transplante, os rins de porco começaram a produzir urina e não mostraram nenhum sinal de rejeição. Foto: Reprodução/Joe Carrotta (NYU).

Com informações de NYU Langone Health

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