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Aumentar memória celular pode melhorar terapias contra o câncer, diz pesquisa
5 de outubro de 2023
- Monique de Carvalho
Para os pesquisadores norte-americanos, a memória celular pode ser a maior resposta para o tratamento contra o câncer. - Foto: Pixabay
Para os pesquisadores norte-americanos, a memória celular pode ser a maior resposta para o tratamento contra o câncer. - Foto: Pixabay

O segredo para a cura do câncer pode estar na memória celular! Segundo uma pesquisa feita nos EUA, ao aumentar a capacidade das nossas células para reconhecer tumores, é possível desenvolver tratamentos oncológicos mais eficientes em todo o sistema imunológico.

A micro cadeia de RNA, chamada de let-7, governa a capacidade das células T de reconhecer e lembrar células tumorais. Segundo os pesquisadores, quando essas células são ativadas por antígenos desconhecidos, elas atacam qualquer agente causador de doenças, até mesmo das mais graves, como é o caso do câncer.

O estudo da Universidade de Massachusetts Amherst, nos Estados Unidos, acaba de ser publicado na Revista Nature Communications, que sugere a nova estratégia como o futuro das imunoterapias de combate ao câncer.

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Células T “assassinas”

Responsáveis pela pesquisa, o professor Leonid Pobezinsky e a professora Elena Pobezinskaya, explicaram como as células T se tornam verdadeiras “assassinas” de tumores.

“Nosso corpo possui células T, que são glóbulos brancos especializados no combate a patógenos, como o resfriado comum, e células alteradas do próprio organismo, como células tumorais. Na maioria das vezes, as células T são “ingênuas” – reunidas fora do dever e em repouso”, disse Leonid.

“Mas quando reconhecem antígenos estranhos depois de esbarrar neles, eles acordam de repente, transformam-se em células T assassinas e atacam qualquer que seja o patógeno, desde resfriados até COVID, ou até mesmo câncer. Depois que as células T assassinas venceram a batalha, a maioria delas morre”, completou o professor.

Memória celular

Elena explicou que, de alguma forma, algumas dessas células sobrevivem e formam uma força-tarefa chamada ‘reservatório de memória’. Com isso, as células sobreviventes se lembram da aparência daquele antígeno específico, para que possam estar atentos ao da próxima vez que ele invadir o corpo.

É a partir dessa memória celular que as vacinas funcionam, mas nunca foi claramente compreendido como as células T formam as memórias.

“As células de memória podem viver por muito tempo”, acrescenta Elena. “Eles possuem características semelhantes às das células-tronco e podem viver 70 anos”.

E foi a partir desse conhecimento que a professora e equipe começaram a desenvolver o estudo.

A pesquisa

Os professores explicaram mais sobre a descoberta.

“O que descobrimos é que um pequeno pedaço de miRNA, let-7, que foi transmitido pela árvore evolutiva desde o início da vida animal, é altamente expresso em células de memória, e que quanto mais let-7 uma célula tem, menor a chance de ela ser enganada por células tumorais cancerígenas e maior a chance de se transformar em uma célula de memória”, contou Elena

Se a célula de memória não for enganada pelo câncer, ela poderá lutar e, o que é mais importante, lembrar a aparência daquela célula cancerosa.

“As células de memória podem viver por muito tempo”, acrescenta a professora. “Eles possuem características semelhantes às das células-tronco e podem viver 70 anos”.

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Expectativas  

A descoberta de Leonid e Elena traz muitas expectativas positivas para futuros tratamentos.

“Estamos muito entusiasmados, não apenas com os conhecimentos fundamentais que esta investigação forneceu, mas também com o impacto translacional que poderá ter nas imunoterapias da próxima geração”, disse a autora principal Alexandria Wells, pós-doutoranda no Instituto de Investigação do Cancro que concluiu o trabalho como parte de doutorado.

“Em particular, compreender como o let-7 é regulado durante o tratamento para melhorar as memórias e capacidades do nosso próprio sistema imunológico é um caminho promissor para futuras pesquisas”, concluiu.

O estudo foi publicado na revista científica Nature Communications como proposta para estabelecer uma nova geração de imunoterapias. Cientistas da Universidade de Massachusetts Amherst, nos Estados Unidos, comandam a pesquisa.

Segundo o pesquisador responsável, o filamento de RNA mata os tumores ao identificá-lo - Foto: Pixabay
Segundo o pesquisador responsável, o filamento de RNA mata os tumores ao identificá-lo – Foto: Pixabay
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