Após mais de 10 anos de pesquisa, cientistas brasileiros conseguiram desenvolver um fertilizante para agricultura feito a partir de lodo de esgoto. O biocarvão, ou biochar-k, é sustentável e possui muito mais nutrientes que os convencionais.
O produto desenvolvido em Brasília (DF) reduz a emissão de gases de efeito estufa, como óxido nitroso. Os pesquisadores também enriqueceram o material com potássio, o que tornou o biofertilizante ainda mais forte.
“Nós já testamos em culturas graníferas, como milho e soja. Já usamos em hortaliças, como o rabanete e o tomate e, por fim, utilizamos na plantação de mudas de espécies florestais. Em todas elas o efeito é sensacional, ele pode ser usado em uma gama enorme”, destacou Joisman Facchini, que fez o doutorado no âmbito do projeto.
Pesquisa de 10 anos
Os trabalhos começaram em 2012, na Universidade de Brasília (UnB).
O professor responsável pelo projeto, Cícero de Figueiredo, contou que o processo começa com a pirólise do lodo.
A pirólise é a combustão do material, e acontece sem a presença de oxigênio. A partir da queima, é obtido o biocarvão.
Apesar de ser um material pobre em nutrientes primários que as plantas precisam, Cícero conseguiu enriquecer o produto.
Houve várias etapas até o material final.
“Primeiro, o sistema de produção em si. Após isso, vem a etapa de caracterização do material para saber se ele realmente contém aquilo que é necessário para chegar no objetivo”, explicou.
No projeto, Cícero e a equipe se dividiram entre duas frentes: testes para ver a liberação dos nutrientes no solo e a pesquisa de campo.
“Tecnicamente ele tem excelentes perspectivas de uso”, disse o professor.
Baixo custo
Os pesquisadores também dizem que o produto tem um ótimo custo benefício.
“Nós só gastamos com a energia no aquecimento durante a pirólise, para o transformar no biocarvão. Mas isso é muito variável, pois depende da temperatura que não estipulamos e do tempo que ele fica lá. Mas os testes mostram que vai girar em torno disso mesmo”, destacou.
Uma parceria foi formada com a Embrapa Hortaliça e ajudou nos testes com rabanetes. “Foi onde nós avaliamos o desenvolvimento da cultura e o efeito desse fertilizante para o fornecimento de nutrientes para a planta”, afirmou Joisman.
Na ocasião, Joisman percebeu a efetividade do biocarvão fertilizante.
“Nas pesquisas, nós descobrimos que nosso fertilizante em 30 dias de incubação, só perde 50% do material, isso mostra que a planta vai absorvendo com mais efetividade. O que é muito importante para o produtor em viés econômico, e também ambientalmente”, explicou.
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Pesquisas futuras
A equipe quer agora aprimorar o produto com novas formulações para tornar o biocarvão ainda mais ecológico.
A tese de doutorado em agronomia da engenheira ambiental Marcela Granato, de 32 anos.
“Agora buscamos atender as normas da agronomia orgânica. Estamos no primeiro ano de pesquisa, e buscamos usar pós de rocha”, disse.
Com informações de Correio Braziliense.