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Cientistas brasileiros desenvolvem fertilizante partir de lodo de esgoto
6 de novembro de 2023
- Vitor Guerras
O fertilizante foi desenvolvido em Brasília a partir do lodo do esgoto. É mais barato e tem mais nutrientes.- Foto: Reprodução/Arquivo pessoal.
O fertilizante foi desenvolvido em Brasília a partir do lodo do esgoto. É mais barato e tem mais nutrientes.- Foto: Reprodução/Arquivo pessoal.

Após mais de 10 anos de pesquisa, cientistas brasileiros conseguiram desenvolver um fertilizante para agricultura feito a partir de lodo de esgoto. O biocarvão, ou biochar-k, é sustentável e possui muito mais nutrientes que os convencionais.

O produto desenvolvido em Brasília (DF) reduz a emissão de gases de efeito estufa, como óxido nitroso. Os pesquisadores também enriqueceram o material com potássio, o que tornou o biofertilizante ainda mais forte.

“Nós já testamos em culturas graníferas, como milho e soja. Já usamos em hortaliças, como o rabanete e o tomate e, por fim, utilizamos na plantação de mudas de espécies florestais. Em todas elas o efeito é sensacional, ele pode ser usado em uma gama enorme”, destacou Joisman Facchini, que fez o doutorado no âmbito do projeto.

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Pesquisa de 10 anos

Os trabalhos começaram em 2012, na Universidade de Brasília (UnB).

O professor responsável pelo projeto, Cícero de Figueiredo, contou que o processo começa com a pirólise do lodo.

A pirólise é a combustão do material, e acontece sem a presença de oxigênio. A partir da queima, é obtido o biocarvão.

Apesar de ser um material pobre em nutrientes primários que as plantas precisam, Cícero conseguiu enriquecer o produto.

Houve várias etapas até o material final.

“Primeiro, o sistema de produção em si. Após isso, vem a etapa de caracterização do material para saber se ele realmente contém aquilo que é necessário para chegar no objetivo”, explicou.

No projeto, Cícero e a equipe se dividiram entre duas frentes: testes para ver a liberação dos nutrientes no solo e a pesquisa de campo.

“Tecnicamente ele tem excelentes perspectivas de uso”, disse o professor.

Baixo custo

Os pesquisadores também dizem que o produto tem um ótimo custo benefício.

“Nós só gastamos com a energia no aquecimento durante a pirólise, para o transformar no biocarvão. Mas isso é muito variável, pois depende da temperatura que não estipulamos e do tempo que ele fica lá. Mas os testes mostram que vai girar em torno disso mesmo”, destacou.

Uma parceria foi formada com a Embrapa Hortaliça e ajudou nos testes com rabanetes. “Foi onde nós avaliamos o desenvolvimento da cultura e o efeito desse fertilizante para o fornecimento de nutrientes para a planta”, afirmou Joisman.

Na ocasião, Joisman percebeu a efetividade do biocarvão fertilizante.

“Nas pesquisas, nós descobrimos que nosso fertilizante em 30 dias de incubação, só perde 50% do material, isso mostra que a planta vai absorvendo com mais efetividade. O que é muito importante para o produtor em viés econômico, e também ambientalmente”, explicou.

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Pesquisas futuras

A equipe quer agora aprimorar o produto com novas formulações para tornar o biocarvão ainda mais ecológico.

A tese de doutorado em agronomia da engenheira ambiental Marcela Granato, de 32 anos.

“Agora buscamos atender as normas da agronomia orgânica. Estamos no primeiro ano de pesquisa, e buscamos usar pós de rocha”, disse.

Os testes feitos com rabanete foram satisfatórios e apresentaram bons resultados. Foto: Reprodução/Divulgação (UnB).
Os testes feitos com rabanete foram satisfatórios e apresentaram bons resultados. Foto: Reprodução/Divulgação (UnB).
O fertilizante é sustentável e apresenta baixo custo por ser feito de lodo de esgoto. Foto: Reprodução/Arquivo pessoal (UnB).
O fertilizante é sustentável e apresenta baixo custo por ser feito de lodo de esgoto. Foto: Reprodução/Arquivo pessoal (UnB).

Com informações de Correio Braziliense.

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