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Muçulmanas criam banda de Thrash Metal e ganham o mundo com letras sobre paz e causas sociais

Vitor Guerras
25 / 06 / 2024 às 09 : 55
Amigas desde a escola, as jovens muçulmanas formaram a banda A banda de Thrash metal Voice of Baceprot. Foto: Voice of Baceprot.
Amigas desde a escola, as jovens muçulmanas formaram a banda A banda de Thrash metal Voice of Baceprot. Foto: Voice of Baceprot.

Um grupo de mulheres muçulmanas ganhou a atenção do mundo, após criarem uma banda Thrash Metal digamos, bem inusitada. Elas transformaram causas sociais e o preconceito sofrido em música…e música boa!

A Voice of Baceprot tem a missão de destruir a imagem de que o gênero de metal é algo só para homens. Nas letras, elas cantam sobre causas importantes, como a paz, mudanças climáticas, paz, misoginia e liberdade das mulheres.

As mulheres são da pequena cidade agrícola de Singajaya, uma região muito conservadora da Indonésia. Juntas desde a escola, a banda tem feito o maior sucesso e já entrou na lista 30-Under-30 da Forbes Ásia. O sucesso é tão grande que elas se tornaram a primeira banda indonésia a se apresentar no festival de Glastonbury, um dos mais famosos do mundo!

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Origens na escola

Firda ‘Marysa’ Kurnia é a vocalista e guitarrista da banda. Ela conheceu Siti Aisyah, a baterista, na escola primária. Ao longo do tempo, se tornaram amigas da baixista Widi Rahmawati.

O trio começou em um grupo de teatro em uma escola islâmica na região onde moram. Não tendo habilidades para atuar, as três ficaram responsáveis pela produção musical da peça

Sob o auxílio do professor e mentor Cep Ersa Ekasusila Satia, as meninas começaram a tocar covers, mas tudo mudou quando pegaram emprestado o computador do docente.

“Foi quando descobrimos uma música do System of a Down”, disse Marsya.

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Preconceito vira música

Baceprot significa “irritantemente barulhento” na língua sudanesa nativa da banda de Thrash metal. Quando começaram a fazer as músicas, o trio precisou enfrentar a discriminação, assédio e até alguns episódios de violência.

Os conservadores religiosos da Indonésia as apelidaram de “destinadas ao inferno” ou “mulheres de Jahiliyyah”, um termo carregado de conotações bárbaras.

Além disso, em algumas apresentações, a plateia atirou pedras e insultos em direção ao grupo. Mas nada disso foi capaz de impedir o sucesso do trio.

“Se tivemos experiências desagradáveis, nós as transformamos em músicas e lançadas como singles”, lembrou a vocalista.

Independência e crítica a indústria

Quando o sucesso veio, diversas gravadoras entraram em contato, mas segundo elas, a indústria é “cruel”.

“Passamos por uma fase em que realmente odiávamos a indústria musical porque era muito cruel”, disse Marsya, que lembrou um episódio onde um produtor pediu ao trio que retirasse o hijabs, com a promessa que elas iriam fazer mais sucesso.

Mais uma vez, a Voice of Baceprot precisou quebrar barreiras e enfrentar o preconceito, coisa que elas fazem muito bem.

“Decidimos trazer uma energia feminina para esta indústria, para ampliar as perspectivas [da indústria]”, disse Marsya.

Corrigindo conceitos

Para a vocalista, a música que o trio faz é também uma forma de corrigir distorções sobre o Islã e o metal.

“O metal é conhecido por sua imagem sombria, mas isso é apenas uma percepção”, disse ela.

Assim como o metal, Marsya explicou que a banda também tem o objetivo de contornar opiniões negativas sobre a religião que são devotas.

“O Islão é muitas vezes visto de forma negativa. Isto porque [o público] só via o Islão como sendo violento e conservador. Mas nós trazemos paz através da nossa música”, contou.

Para a baterista, a mulher islâmica não deve ser julgada pela quantidade de filhos que têm ou a idade que casa. “Em vez disso, vem de como nos valorizamos ao não permitir que ninguém nos machuque ou nos menospreze.”

Tocando em festival

Agora, colhendo o fruto de tudo que plantou, a banda se consagrou como a primeira da indonésia a tocar no festival de música de Glastonbury, no Reino Unido.

A festa conta com grandes nomes como Coldplay, Dua Lipa e Cyndi Laper.

“Glastonbury nem estava na nossa lista de festivais para tocar, parecia muito importante para nós”, contou a vocalista.

Assim que recebeu o email da organização, ela não acreditou e achou se tratar de um golpe.

Mas uma vez tudo resolvido, a Voice of Baceprot está pronta para fazer história!

Ouça [NOT] Public Property, sucesso da banda de Thrash metal:

As letras das músicas são políticas e exaltam a liberdade da mulher, paz e mudanças climáticas. Foto: Voice of Baceprot.
As letras das músicas são políticas e exaltam a liberdade da mulher, paz e mudanças climáticas. Foto: Voice of Baceprot.

Com informações de ABC.

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